sexta-feira, dezembro 30, 2005

Mais 2006

Este é o último post deste ano, por isso não me vou alongar. Quero apenas muito singelamente agradecer a quem me tem acompanhado nesta aventura que perfaz agora dois anos. Tem valido imenso.
Desejo muitas coisas boas para 2006 para todos, mas por vezes esqueço-me que o que tenho é um desejo para muitos mais. Por isso, deixo-vos com uma reflexão um pouco mais séria de Pedro Stretch. Lamento desde já se a visualização não for das melhores. Vale a intenção.
Para todos, mais 2006
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quinta-feira, dezembro 29, 2005

terça-feira, dezembro 27, 2005

Balanço 2005/Perspectivas 2006

No início, este perspectivava-se como um ano difícil e de muita incerteza profissional. Afinal, acabou por ser o ano de estabilização da mesma. Consegui entrar para os quadros da Câmara, logo, grande parte das minhas preocupações cessaram. Agora, o objectivo é conseguir a reclassificação e depois, internamente não sei o que poderá mudar, mas a ideia é aproveitar o aumento de ordenado para fazer uma pós-graduação e assim poder também progredir
No teatro, as coisas não correram exactamente como esperado. Acho que todos nós estamos a precisar de uma lufada de ar fresco. No entanto, uma boa reunião e sempre uma boa reunião. O outro hobbie, a escrita, resumiu-se à partilha com vocês de descobertas, ideias e vários sentimentos. Ainda não foi desta que me aventurei noutras escritas. Será no próximo ano? Veremos. Mas há algo que me está a apetecer fazer: experimentar a pintura. Talvez pinte duas ou três aguarelas e depois vos conte. Sempre é algo novo.
A nível pessoal, fiz é claro novas amizades e lá se continua a fazer alguns malabarismos para que novas e antigas se coordenem. Acabo por nem sempre dar o tempo merecido a cada uma, mas quem me conhece sabe que não é intencional. Com boa vontade de todos os lados, tudo se ajeita. No campo amoroso houve surpresas muito bem-vindas. O final não foi o esperado. Mas tudo valeu a pena. Em família corre tudo sobre rodas.

Natal 2005: Momentos

(Uma grande algazarra e uma vozinha)
Tia tia pudim bebé
(e foi uma tigela tigela cheia)
...
- E correu tudo bem?
- Claro, tirando as putas das batatas, o puré que não é do Pingo Doce e o peru seco!
...
- Gostas mais da tia ou do avião?
- Do avião. Oh, dos dois.
- Mas eu gosto mais de ti.
- Oh. Eu sei.
...
- A Ana?
- Foi fechar os estores.
(uma hora depois)
- Mas a minha Ana ainda não chegou, deve ter acontecido alguma coisa, vou lá ver.
- Não vai nada, deixe lá a rapariga fechar os estores à vontade. Estas coisas demoram tempo.
...
(2ª feira)
- Tia, hoje ainda é Natal?
- Não.
- Oh, que pena. E Quando é o próximo?

quinta-feira, dezembro 22, 2005

valter hugo mãe

Toca-me o sangue. Peço-te que me toques
O sangue. Escuta este rumor
Dentro do meu peito …
Vê como estou vivo. Vê como sabem a terra
As minhas palavras …
Toca-me o sangue. Toca os fios de dor
Que me rasgam a boca

amo-te, mulher desconhecida. Amo-te
amo o jorro de luz da tua boca,
a pequena mancha de tule que dança nos teus olhos
…um grito, um grito rebenta finalmente no meu e no teu peito
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P. Charters d'Azevedo

Eduarda Chiote

Chegámos a um acordo.
Os três.
Ambos, tu e eu, amando, no corpo

como se o desejo
não tivesse retorno e a morte estivesse
a acontecer-nos
pela primeira
vez.

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Beijo Azul, Maria Amaral

quarta-feira, dezembro 21, 2005

Dormindo Com o Inimigo

Revisto uma série de anos depois, fica a sensação de uma filme inócuo, feito apenas como veículo de afirmação da então emergente Júlia Roberts.
O enredo é escorreito sem grandes perdas de tempo, lógico e também com a previsibilidade própria do género, com duas ou três cenas perfeitamente delicodoces que em quase nada acrescentam à tensão desta história de violência doméstica.
No entanto, foi bom rever Patrick Bergin, um bom actor cuja notoriedade que atingiu no início da década de 90 não conseguiu vingar. Apesar de uma carreira cinematográfica até bastante prolifera. Com ele, recomendo o excelente As Montanhas da Lua, o relato da expedição de Livingstone em busca da nascente do Rio Nilo, o Lago Vitória.

Como Água para Chocolate

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Como Água para Chocolate é um livro de Laura Esquivel que conta a história do amor proibido de Pedro e Tita devido a um tradição familiar em tempos da revolução villista. O mais interessante deste livro creio que é a sua estrutura: a narrativa que percorre mais de 20 anos é dividida em doze meses e cada mês é-nos apresentado por uma receita exótica que se dilui na própria história.
Quanto ao filme, cuja adaptação foi feita pela própria Esquivel, este não deixa transparecer o mais bonito do livro, exactamente a sua estrutura e esse exotismo, tão próprio do realismo mágico das literaturas sul-americanas. Transparece, no entanto, uma das suas mais emblemáticas mensagens: a culinária é uma silenciosa demonstração de amor, rica em cheiros, paladares e texturas.
Será por isso que não há melhor comida que a de mãe? E que a melhor maneira para chegar ao coração de alguém é pelo estômago?

Álbum de Família

Hoje revolvi partilhar com vocês algumas das pessoas mais importantes da minha vida: a minha família.
Os meus pais
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Os Meus Manos
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Os Meus Sobrinhos
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Quem sai aos seus não degenera, pois não?
Falta o André, mas eu tia desnaturada não tenho fotos.

terça-feira, dezembro 20, 2005

Votos do Dia

FELIZ NATAL E BOM ANO 2006!
Um pouco cedo eu sei, mas como conheço montes de gente rica e sexy, pensei em começar pelos ranhosos, feios e de mau feitio.

Nick do dia

Apanhamos três. Um deles pareceu-me que se chamava António André...

sábado, dezembro 17, 2005

Sabedorias

Eu não quero a sabedoria da desilusão,
eu quero a sabedoria da ilusão, que é o sonho.
Cioran

O mais importante no homem não é o que ele mostra,
mas o que ele traz escondido.
Malraux

As mulheres são pressionadas para serem boas mães,
boas profissionais, boas filhas, boas isto e aquilo… e boas.
António Tenente
São precisas várias vidas para fazer uma só pessoa.
Carlos fuentes
O livro só é factor de mudança se for lido.
Marta Lança

A felicidade nunca é grandiosa.
Huxley

Os Caminhos do Livro – Idade Média, M. Lança

O codex foi o modelo de livro surgido no século V, em pleno império romano, e era composto por folhas dobradas em cadernos e cosidas no conjunto. Durante os séculos VI e VIII a escrita destes foi mantida pela mão da religião, fazendo dos mosteiros e conventos os mais fecundos centros de cultura. Nestes, foi desenvolvido a salmodia, leitura praticada em voz alta obedecendo a um ritmo próprio. Um dos mais emblemáticos exemplos dos livros desenvolvidos e copiados neste período são os Livros de Horas, que apresentam recolhas de orações dedicadas a várias horas do dia. No entanto, os manuscritos com iluminuras representam uma parte não substancial da produção.
Com o advento da imprensa mecânica, inventada por Guttenberg em 1440, surgem os incunábulos – os primeiros livros impressos, sobre pergaminho e com iluminuras -, entre 1450 e 1500. Este novo modo de produção do livro preconizou a perda da autoridade da igreja, dando corpo à ideia de que uma instituição é sempre ameaçada por saberes alternativos.
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(adaptado) in Ler#65

sexta-feira, dezembro 16, 2005

Gostava de ser mais sábia no modo como organizo o meu tempo. Parece que não chega para tudo, mas deveria... Hoje, dois amigos declararam: tenho saudades tuas.
Fiquei encabulada e ordenei-me: organiza-te. Assim, não pode ser. As pessoas são para conviver e não para ter saudades.
Jitos Migos

Os outros...

Os outros a vêem como sensível, cautelosa, cuidadosa e prática. Eles a têem como inteligente, dotada, talentosa, mas modesta... Não é uma pessoa que faça amizades rápida ou facilmente, mas alguém que é extremamente leal aos amigos que faz e de quem espera a mesma lealdade de volta. Aqueles que realmente a conhecem compreendem que é difícil abalar a sua lealdade para com os amigos, mas também que leva um bom tempo para superar uma lealdade abalada.

quinta-feira, dezembro 15, 2005

About Last Night

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Fotografia: Ela está apaixonada.
Nino: Eu nem sequer a conheço!
Fotografia: Oh, conheces sim.
Nino: Desde quando?
Fotografia: Desde sempre. Nos teus sonhos.

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Amélie - Eu gosto de reparar em coisas que mais ninguém vê. Odeio o modo como os condutores dos filmes antigos nunca olham para a estrada.

Winter, T. Amos

Snow can waitI forgot my mittens
Wipe my nose, get my new boots on
I get a little warm in my heart
When I think of winter
I put my hand in my father's glove
I run off
Where the drifts get deeper
Sleeping Beauty trips me with a frown
I hear a voice:"You must learn to stand up
For yourself
'Cause I can't always be around"

He says when you gonna make up your mind
When you gonna love you as much as I do
When you gonna make up your mind
'Cause things are gonna change so fast
All the white horses are still in bed
I tell you that I'll always want you near
You say that things change, my dear

Boys get discovered
As winter melts
Flowers competing for the sun
Years go by
And I'm here still waiting
Withering where some snowman was
Mirror, mirror
Where's the Crystal Palace
But I only can see myself
Skating around the truth who I am
But I know, Dad, the ice is getting thin

When you gonna make up your mind
When you gonna love you as much as I do
When you gonna make up your mind
'Cause things are gonna change so fast
All the white horses are still in bed
I tell you that I'll always want you near
You say that things change, my dear

Hair is grey
And the fires are burning
So many dreams on the shelf
You say I wanted you to be proud of me
I always wanted that myself

When you gonna make up your mind
When you gonna love you as much as I do
When you gonna make up your mind
'Cause things are gonna change so fast
All the white horses have gone ahead
I tell you that I'll always want you near
You say that things change, my dear
Never change
All the white horses

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Ricami d'inverno
Giardini pubblici - Borgotaro

sábado, dezembro 10, 2005

Mia Couto, LER#55

- … nem todos os pequenos milagres têm nome no dicionário.
- A oralidade tem um universo, tem um tempo, que não poder ser este que eu exerço como escritor.
- África profunda é um mundo onde há lógicas diferentes. E é nessa fronteira entre as lógicas diferentes que me interessa fazer algum contrabando.
- … quem tem família nunca é verdadeiramente pobre…
- A poesia, mais do que uma técnica de escrita, mais do que um género literário, é uma visão do mundo, para mim é uma filosofia.
- Aos meus filhos, incito-os para que eles errem desde que o erro seja bonito. Às vezes só há uma hipótese de criar, que é errando.
Declaro iniciada
a época oficial de
almoços & jantares
de Natal.
P.S. Resultado até ao momento, almoços 2 : jantares 3.

terça-feira, dezembro 06, 2005

Quanto Puderes, C. Cavafy

Se não puderes fazer da vida o que tu queres,
Tenta ao menos isto,
Quanto puderes:
Não a disperses em mundanas cortesias,
Em vã conversa, fúteis correrias
Não a tornes banal à força de exibida,
E de mostrada muito em toda a parte
E a muita gente,
No vácuo dia-a-dia que é o deles
- até que seja em ti uma visita incómoda.

Semana cultural

Pois foi, a semana passada lá tive uma das minhas semanas culturais ocasionais. Incluiu: performance teatral, feira de arte contemporânea e ida ao circo. Ah, pois! E no próximo domingo, lá vou novamente ao teatro.
Há que aproveitar.

Mundanices II

Tenho um vestido novo tão giro!

sábado, dezembro 03, 2005

Oh, babe, be my DOOM

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Cacos

Cacos, cacos, cacos
Estilhaços, projécteis
Com que me feres
Desintencionalmente.

& the radio plays...

Quantas vezes pensaram numa música da qual gostam particularmente e passados uns momentos ela começou a tocar na rádio como que a responder aos vossos desejos? Não me refiro às músicas das play-lists que a qualquer hora ouvimos, refiro-me àquelas que por algum motivo nos dizem algo e que normalmente não passam na rádio. No outro dia aconteceu e a verdade é que cheguei ao trabalho muito mais bem disposta do que quando tinha saído de casa. Não foi premonitório de nada para o resto do dia, simplesmente me animou.

Versos Orfãos

Não é hoje ainda o momento de te escrever.
És a miragem adivinhada.

Não sei se faço contra-bando de emoções ou se luto contra bandos de emoções.

Doi de uma dor seca e oca.

quarta-feira, novembro 30, 2005

Dicionário

entropia
do Fr. entropie > Gr. entropé, mudança, volta; s. f., Fís., grandeza física que traduz o estado de um sistema termodinâmico, definida, num processo reversível, como a razão entre a variação da quantidade de calor do sistema e a temperatura absoluta à qual ocorreu essa variação; medida estatística do grau de desordem de um sistema fechado; medida da eficiência de um sistema na transmissão de informação; desordem; falta de organização.

tergiversar
do Lat. *tergiversare, por tergiversari < tergum, dorso + vertere, virar, recuar; v. int., voltar as costas; fig., usar de subterfúgios, de rodeios; buscar evasivas; inventar desculpas.

guelfo
de Welf. n. pr.; s. m., membro de certo partido político na Itália entre os sécs. XII e XIV apologista do papa e da independência italiana; adj., relativo a esse partido.

De alice

Não sei muito bem explicar, mas não tenho paciência para a Alice no Pais das Maravilhas. Nunca li o livro, mas também não tenho qualquer apetência para fazê-lo. Quando criança, dava na televisão os desenhos animados da Alice e creio que foi aí que começou a minha aversão. Talvez fosse demasiado pequena para aquele desfilar de personagens imaginárias: a autoritária Rainha de Copas, o Humpty Dumpty no seu limbo, o gato risonho, o coelho obcecado pelo seu relógio. E depois ainda havia a queda no buraco sem fim. Tudo aquilo me fazia confusão e criou em mim uma desconfortante aversão. Gostaria de perceber ao certo porquê.

Jaime Celestino da Costa

- …compreendemos cedo que a verdadeira cultura não conhece limites de género ou fronteiras, nem de idiomas, e que há uma universalidade do saber. Este deve usar-se com simplicidade e naturalidade, como elemento de enriquecimento pessoal, não como forma de ostentação.
- Uma liberdade ampla dada a uma população ignara, sem prévia educação, pode ser mais perigosa do que alguns períodos de opressão.
in JL #617

terça-feira, novembro 29, 2005

Um amor sem sentido

Eles conheceram-se e o mundo pareceu ter-se eclipsado. Amaram-se rápida e sofregamente, como se o momento fosse o único futuro possível. E cada encontro era uma combustão de sentidos.
Pouco a pouco estes foram acusando o desgaste da erosão. Primeiro imperceptível e depois catastroficamente. O olhar que já não detectava o brilho, o ouvido que já não percebia o respirar profundo, o odor que já não encantava, o sabor que já não fazia água na boca, o tacto que já não percebia o toque.
Sentaram-se e olharam-se uma vez mais e perceberam que o seu amor já não tinha sentidos.

O meu reino por um cigarro

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Todos os dias, sensivelmente à mesma hora, ele sai à rua. Faz uma pausa e puxa do maço de cigarros. Encosta-se à grade da vitrina e tira um cigarro. Bate-o ritmicamente duas vezes no maço e eleva-o à boca. Põe a mão no bolso das calças ou camisa e saca o isqueiro. Protege-o do vento e acende-o, queimando a ponta até vê-la incandescente. Prazeirozamente, traga o fumo. Senti-o invadir gradualmente todos os alvéolos dos seus pulmões. Fecha os olhos por momentos. Ao abri-los, olha fixamente as mulheres que passam.
Olha-as como se as conhecesse de outras histórias da sua vida. Não lhes consegue dar um nome, mas conhece-lhes os desejos, as curvas do corpo, os cheiros, as fraquezas, as aspirações. Os seus olhos penetram-nas, despem os seus corpos, desnudando as suas almas. Sorri.
Sorri pela sua magnífica experiência. A sua posse deixa-o poderoso, inebriado pela sua magnificência. As mulheres pertencem-lhe. Enquanto dura aquele prodigioso cigarro. Aquele espantoso cigarro.

sábado, novembro 26, 2005

A pergunta é sempre mais
A questão estimula
A interrogação anima
A indagação percorre
O que a resposta sempre estanca

São indiferentes os sons que preferimos após a entoação. Valem mais os silêncios ansiosos que as palavras vãs. Shiu! Silencia essa tentativa de pronunciamento, quero apenas continuar a procurar.

A banda sonora da minha vida (so far…)

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Qual é a verdadeira banda sonora da nossa vida: as músicas que gostamos ou as que identificamos com momentos da nossa vida. Aquelas que mesmo não sendo exactamente bonitas ou com as palavras mais poéticas não podemos ouvir sem recordar algum episódio. Ou aquelas que gostaríamos de ligar à nossa vivência, mas de que apenas gostamos.
Ao definir a minha banda sonora teria de inicia-las com dois exemplo de música popular portuguesa: Clemente e Nel Monteiro. Vais Partir e Retrato Sagrado, julgo ser este o nome da música, faziam parte de uma cassete que o meu pai tinha no carro e que ouvíamos sempre que íamos para a santa terrinha.
Na minha vida de saídas nocturnas já dancei muitas músicas, mas de duas gosto particularmente: Let’s Get Loud e Lady, Hear Me Tonight. A primeira ligo-a às noites do Gringo’s e a segunda às do Cool. Boas memórias.
Não consigo atribuir uma música ao meu tempo de faculdade. No entanto, retornando uns tempos antes a música que atribuo à minha adolescência será No Meu Quarto, dos Delfins. Sim, essa é a música que na minha adolescência me fazia mais sentido. No meu quarto apago a luz, pela sombra viajo no deserto… Aliás, Delfins é a banda sonora da minha amizade com o meu irmão Luís. Com o Vítor será U2.
Continuas chamando-me assim, bebé é o refrão que ensinei aos meus sobrinhos e que eles se divertem a cantar Bebé. Já com a Andreia a piéce de resistence foi o ó mulher, quem te disse a ti que a flor do monte era o alecrim, do Herman, que ela aprendeu com direito a coreografia e tudo.
Red Hot Chili Peppers lembra-me sempre a minha viagem a Paris com a Andreia, pois quando chegávamos ao hotel era inevitável ouvi-la quase de seguida no MCM. Ficou a promessa de os irmos ver juntas. Não está esquecida.
Uma música indissociável de mim é o Don’t Cry For Me Argentina. Quem me conhece sabe.
Depois, depois há as músicas que gostamos porque de algum modo parecem ter sido feitas para nós porque nos identificamos ou simplesmente nos divertem, mas que concretamente não pertencem a nenhum pedaço da nossa vida. Como o humor cínico de Robbie Williams, a voz sensual de Chris Isaak e o lirismo de Sting.
Não posso deixar também de salientar Simply Red, cujo álbum Blue é indispensável para a minha boa harmonia e os outros para eu poder cantar e dançar.
A música de Africa Minha é também a música que me tira literalmente as dores de cabeça, musicoterapia garantida. Recorda-me sempre a minha mãe, ouvinte fiel da Rádio Voz de Lisboa, cuja programação nocturna incluía um programa de Arlete Pereira às 22h e que começava sempre ao som desse belo filme.
Esperam-se novas músicas.

sexta-feira, novembro 25, 2005

As Redes de Suporte Afectivo

Estranho nome técnico (e frio) para dar a algo tão normal e quente como, por exemplo, a nossa família. Embora, infelizmente, também ela seja para várias pessoas um território frio e inerte. Isto vem a propósito de um post do Murcon em que se menciona um estudo realizados nos EUA em que se chegou à conclusão que as mulheres são as grandes mediadoras destas redes de suporte afectivo. Sendo, sobretudo, elas que dinamizam a família.
Este post fez-me recordar o meu professor de francês do 12º. Numa certa aula, não lembro já a propósito do quê, ele contou que quando a mãe era viva, chegavam a reunir-se na casa da família mais de trinta pessoas, entres filhos, noras, genros e netos. Após a morte da mãe dele, essa união dissipou-se. e, embora não compreendendo na altura muito bem o alcance dessas palavras, no entanto, as mesmas não me saíram da cabeça.
Só mais tarde, quando a minha própria mãe morreu, pude compreender em toda a sua plenitude o alcance dessas palavras. E por isso compreendo os resultados desse estudo. As mulheres e sobretudo as mulheres-mães são os grandes pilares destas redes.
Com a ausência da minha mãe a minha rede familiar sofreu um enorme abalo, como podem calcular. No entanto, e sempre tendo em mente aquelas palavras do meu professor, depois de todos nós nos reorganizarmos um pouco, procurei manter essa unidade familiar. Assumi assim esse papel de pilar centralizador da minha família. Procuro, com uma certa frequência, organizar alguns jantares lá em casa for a do calendário habitual de aniversários. É claro que de vez em quando surge a questão: é por alguma razão em particular? Não, é só para estarmos um bocado junto. Acho que é razão mais do que suficiente. A minha família é a única que tenho e o meu bem-estar está muito ligado ao bem-estar deles. Se estiverem bem, eu estou tranquila.

quinta-feira, novembro 24, 2005

Sonho de uma Manhã de Inverno

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Deixo o meu corpo despertar lentamente. Conforto-me nesse limbo entre o sonho e a consciência. Sinto o calor do teu corpo que me ladeia e permaneço assim lânguida. Só mais tarde deixo que a limpidez ténue da luz invada a escuridão das minhas pálpebras.

Quem são?

Ride
You Are... Slowdive.
You are very comfortable with the person that you are. You are pretty traditional in a classical sort of way. You relate most to things of a darker, more mysterious nature. You tend to be quiet and shy but you still manage to make friends pretty easilly. Though your ambition is bigger than your talents, your perseverance will always lead you to bigger and greater things.

quarta-feira, novembro 23, 2005

Paralelos

Nunca li nada de Luísa Dacosta, embora o nome já me tenha passado pela frente. No entanto, foi com extremo gosto que li a sua “autobiografia” na última edição do JL. E porquê? Houve dois pormenores da sua vida com os quais me identifico. Disse pormenores? Não o são. Podem apenas assim parecer, mas são dois enormes aspectos das nossas vidas.
Primeiro. A autora durante toda a sua adolescência se viu como a reencarnação de sua avó paterna, falecida prematuramente por doença. Tendo a família sempre a lembrá-la das suas parecenças com a avó, ela considerava-se como uma segunda via dessa primeira vida.
Eu recebi o meu nome em homenagem à minha avó materna que faleceu ainda a minha mãe era bebé, e de quem ela não tinha qualquer recordação. A sua figura sempre foi para mim muito enigmática e também eu me via no dever quase moral de viver o que ela não pode viver. Ela é uma espécie de fantasma sempre presente.
Segundo. Luísa afirma que para ela há uma “outra vida para além da escrita: a da mulher que lia. ”
Não consigo conceber a minha vida sem as minhas leituras. Estão indelevelmente no meu ser. Poderia até abdicar de futuras leituras, mas não poderei abdicar do passado. Está impregnado na minha pele, no meu ser. Sou fruto das minhas vivências, sejam elas próprias ou alheias.

terça-feira, novembro 22, 2005

Elizabethtown

Cameron Crowe volta às salas de cinema com mais uma excelente banda sonora a acompanhar uma história engraçada, mas que me parece não ter a solidez de Jerry Maguire ou de Quase Famosos.
Aliás, os seus filmes parecem por vezes antes bandas sonoras ilustradas por uma história e não o contrário, pelo menos essa sensação é mais palpável para mim neste filme. Não é uma questão do argumento ser menosprezado ou menor, é apenas a sensação de que a banda sonora suplanta tudo o resto. Será que a banda sonora da nossa vida suplanta a nossa vida?
Esta questão faz-me estabelecer o seguinte paralelo: Crowe está para o cinema como Hornby está para a literatura. Nick Hornby és um escritor inglês, com vários dos seus livros já adaptados ao cinema também, e em cujo trabalho a música tem um papel preponderante. Quem não se lembra das várias play-lists de John Cusack em Alta Fidelidade e da vida desafogada de Hugh Grant em About a Boy, graças aos royallties do one hit man que foi o seu pai.
Voltando ao filme, a história é engraçada q.b. e parece-me um pouco O Lado Bom da Fúria, versão masculina, embora algumas opiniões o liguem a Garden State, o que compreendo perfeitamente. Seja como for, faz-me pensar que os americanos têm uma relação meio estúpida com a morte. Ou talvez a morte já seja ela tão estúpida que seja impossível ter uma relação decente com ela.
Gostei de ver Orlando Bloom que conhecia apenas de O Sr. dos Anéis em que parecia ser somente um menino bonito. Dêem-lhe bons papéis e penso que o rapaz estará à altura.
ideia do filme que gostei: quem nunca fizer uma road trip na vida, nunca poderá dizer que se conhece. Uma viagem, com a banda sonora adequada, é o melhor modo de nos conhecermos.

sábado, novembro 19, 2005

Fields Of Gold, Sting

You'll remember me when the west wind moves
Upon the fields of barley
You'll forget the sun in his jealous sky
As we walk in fields of gold

So she took her love for to gaze awhile
Upon the fields of barley
In his arms she fell as her hair came down
Among the fields of gold

Will you stay with me, will you be my love
Among the fields of barley?
We'll forget the sun in his jealous sky
As we lie in fields of gold

See the west wind move like a lover so
Upon the fields of barley
Feel her body rise when you kiss her mouth
Among the fields of gold

I never made promises lightly
And there have been some that I've broken
But I swear in the days still left
We'll walk in fields of gold
We'll walk in fields of gold

Many years have passed since those summer days
Among the fields of barley
See the children run as the sun goes down
Among the fields of gold

You'll remember me when the west wind moves
Upon the fields of barley
You can tell the sun in his jealous sky
When we walked in fields of gold
When we walked in fields of gold
When we walked in fields of gold


P.S. Take me there

sexta-feira, novembro 18, 2005

António Gedeão

Quem de nós falará aos homens que hão-de vir
Quando grande clarão encher de luz
E pasmo as nossas bocas?
E como?
Que língua entenderão eles?
Que símbolos, que sinais, que apagados murmúrios,
Lhes falarão de nós
Desta fluida e versátil multidão,
Destes seres que aparentam rosto humano
E como tal comovem,
Mas que olhados do alto são lepra do planeta.
Que significará sofrer, amar, lutar,
Quando as nossas misérias e tormentos
Não forem mais do que pegadas fósseis?
(…)
que verbo deverá ficar gravado na pedra que o vento não corroa
(…)
como será amor em língua cibernética?

quinta-feira, novembro 17, 2005

Nick do Dia

Sei Aikido, Kung Fu, Karaté e outras 35 palavras perigosas.

Uteramente

Não sei olhar o céu – desconforta-me
Sei somente
Olhar a folha
Onde escrevo, onde leio.
O meu mundo é este
Inscrito em páginas
Não sei nada do mundo de fora – esse que dizem real.
Vivo de artifícios, equívocos linguísticos
Céu, nuvens, árvores
Oh, palavras, letras, sons - Nem sequer ditos ao vento
Apenas retidos aqui
Neste momento
Não sei erguer os olhos
O horizonte amedronta-me
Aqui estou segura
Sim aqui sou segura.
Mesmo que queira erguer
Este imã a que chamo folha impele-me para baixo
Para os meus infernos
Para remoê-los, para compreende-los.
O céu não traz o inferno – promete o divino
E eu não quero promessas
Não quero infinitos possíveis
Só tenho o concreto aqui e agora
Esta folha que me recebe uma vez mais – prende-me
O grilhão que protege do voo
Da queda, da precipitação
Aqui fico aqui, não caio
Permaneço inerte
Quieta, muda, despercebida
Do mundo, sem receio
Aqui fico bem
Quente, protegida, confortável
Uteramente bem

quarta-feira, novembro 16, 2005

Bem-vinda

A .:X:. chegou à blogosfera.
Jitos Miga

Rejuvenescer

Dizes-me que de nadas
Nada farás
Dizes-me tontices
Que finjo crer
Sorrio complacente
Deixo-me contagiar
Pela tua leve inconsequência
Volto à frescura da inocência
Regresso à pureza
Do sorriso solto
Face ao sol brilhante
Iluminando o amâgo
Aquecendo a alma
Rodopio leve e solta
Embrulhada no teu riso
Giro e giro
E não contenho já as gargalhadas
Com que recebo a vida
Dás-me este singelo presente
E os meus olhos iluminam-se
Sim, diz mais tonterias
Que me façam abrir os braços
E correr os verdes prados
Da minha esperança
Seguem com o teu riso
Até cansados pousarmos os nosso corpos
E rolarmos encosta abaixo
Como qualquer criança a brincar
Parecemos croquetes de salsa
E gargalhamos
Os nosso olhares límpidos tocam-se
Trocam memórias de outras criancices
Revivemos mais e mais
Rejuvenescemo-nos sempre.

terça-feira, novembro 15, 2005

Sabedoria Cientifica

A ciência não é outra coisa senão bom senso treinado e organizado.
T. H. Huxley

A ciência é a mais íntima escola de resignação e humildade
porque nos ensina a inclinarmo-nos
diante dos factos aparentemente mais insignificantes.
Unamuno

A perfeita simplicidade é inconscientemente audaciosa.
G. Meredith

Uma boa teoria científica deve poder ser explicada a uma empregada de bar.
E. Rutherford

Não há origens puras, toda a origem existe para produzir continuidades.
J. Barrento

Agualusa

- É um mito pensar que um país define a identidade de cada um. Não define nada.
- … o facto de alguém possuir identidades múltiplas não constitui uma subtracção, antes uma soma. Assim pode beneficiar-se dos aspectos positivos de cada cultura.
- A vida, para mim, é mais importante que os livros, prefiro vivê-la em vez de a ler.
- Mas hoje, por muito que se caminhe, por muito território que se percorra, acaba-se sempre por encontrar aquilo que já se tem em casa.
- Porque vamos para um lugar à procura de alguma coisa que, por vezes, já não sabemos muito bem o que é.
- … desconfio das religiões monoteístas. Talvez a ideia de um único deus seja uma ideia pérfida porque, no fundo, é uma ideia que exclui o “outro”.
in Ler #62

quinta-feira, novembro 10, 2005

Como acabar?

Como acabar?
Como terminar?
Como findar?
Com que chave de ouro
Com que revelação brindar o espírito
Deslumbrar a mente inquieta
É uma dúvida constante
Não sei de finais próprios
Adequados
Oh, tormenta
Quisera eu dominar as palavras
Apenas para me ver cativa do seu caos multiplicador
Para me perder nos seus silêncios
Mas insistem em se ocultar
Inscrevem-se, mas nada dizem
E que tanto quero dizer
Não consigo escolhe-las
Escapam-se, iludem-se na alvura
Transfiguram-se em vazios, em inexistências
Somem-se sem rasto
E eu não findo
Não concluo
Não acabo o meu relato

quarta-feira, novembro 09, 2005

De Sol.

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Segundo Pedro Mexia, numa das suas crónicas na GR, a abreviatura Sol. que consta dos nossos BIs recorda a palavra Sol, o nosso astro rei. Tal como o sol, o solteiro é autónomo, dono de si e capaz de brilhar sozinho, sem alguém ou uma outra estrela para que reflicta luz. Mas também como o Sol, o solteiro mais do que nunca, afasta os demais do seu redor, da sua esfera de intimidade.
Esta crónica fez-me reflectir. E sim, é verdade. Afasto muitas vezes de mim pessoas que se poderiam tornar importantes. Às vezes faço-o racionalmente, outras nem por isso. Não sou a única. Será que as outras pessoas também se apercebem disso?
No nosso quotidiano habituamo-nos a outra abreviatura, a outro sol. A solidão. Sabemos viver com ela. De tal modo que não conseguimos abrir espaço para que algo mais brilhe nas nossas vidas. Somos reis e senhores das nossas vidas, dos nossos vários sóis. Seremos verdadeiramente felizes? Foi isto que inicialmente desejámos?
Não quis ser o sol que sou. Mas, gradualmente, fui-me assim transformando. Apercebi-me, já a mutação tinha ocorrido. Poderei uma vez mais transmutar-me e voltar ao inicialmente idealizado? Conseguirei ainda abdicar desta solidão a que já me acostumei e que me é já conhecida? Um terreno já conquistado e sem surpresas que me retirem o aparente domínio sobre o meu futuro? Continuará este sol a brilhar?

Um dos meus receios...

Um dos meus maiores medos é que a existência da minha mãe se perca, que a minha memória dela se perca e assim se perca para sempre um registo da sua passagem pelo mundo.
Sento-me muitas vezes com a intenção de regista-la: as suas memórias, os seus anseios, as suas peculiaridades
Mas ao mesmo tempo receio. Receio que ao imutabiliza-la a perca, que ao recria-la ela deixe de ser minha, que ao partilha-la ela se escape. Sem retorno.
E se o que eu me lembro não transparecer? E se transparecer não ela, mas eu? E se de repente, descobrir a mulher, a mulher que eu teimo em ver somente como mãe. Nós filhos temos dificuldade em ver nos nossos pais pessoas independentes de nós. Tal como eles têm dificuldade em ver-nos como pessoas autónomas.
São talvez infundados estes receios, mas sei que a distorção será real. Vou perder e ganhar contornos novos. Não é o ganho tanto que receio, é a perda.

terça-feira, novembro 08, 2005

Minha história, S. Carreira

A minha história
feita aos pedaços
é parte da história
dos homens que amei.
Brisa, tempestade, furacão
adentraram meu coração
instalaram-se e se foram
sem que a minha mão
pudesse retê-los em mim.
Todos deixaram marcas de dor,
uns poucos momentos felizes,
raros instantes perfeitos
e a imensa nostalgia
de tudo o que não vivi.
A minha história
feita aos pedaços
está inscrita em minha face
em cada traço de tristeza
que eu ainda trago.
Hão de ser rugas um dia,
cada uma, a geografia
das histórias inacabadas
de todos os meus vazios
e da minha solidão.

sexta-feira, novembro 04, 2005

Fora da Rotina

Afinal, ontem tive uma mudança de rotina: fui aos MTV EMA.
Apesar de não ter achado a noite extraordinária, foi agradável.
Para mim, o melhor mesmo da noite foi a apresentação da personagem Borat, cujo humor cáustico arrancou gargalhadas à grande maioria (quem não sabia inglês, perdeu bons momentos de riso). Para mim, as melhores piadas foram a de abertura (Wellcome to the Eurovision Song contest) e quando parabenizou a organização pelo espectáculo de travesti no início.
Das actuações da noite, creio que os Green Day foram os que mais galvanizaram o público. Todos os outros estiveram bem, mas a mim sinceramente não me surpreenderam. Já vi Robbie Williams ao vivo e num espectáculo de 1h30m faz muito mais e melhor. Ali foi o básico.
Acabei por prestar mais aos pormenores de produção do que propriamente ao espectáculo, até porque quando se é pequenina não se consegue ver muito. Talvez também por isso não desfrutei o que poderia ter desfrutado. Mas este não foi um concerto, foi um programa de televisão e como tal, o objectivo era que funcionasse como espectáculo televisivo.
A disposição no palco era similar a um estúdio televisivo e não a pensar num público de concerto. Logo, quem não estava mesmo ao pé do palco, perdia muitos pormenores, como as entregas propriamente ditas.
Valeu a pena, mas não é programa que tenha muita vontade de repetir.

quarta-feira, novembro 02, 2005

Ando meio chateada...

Ando meio chateada e sem paciência. Por tudo em geral e nada em particular. Sinto que preciso de uma novidade na minha vida, mas não faço a mínima ideia do que isso poderá eventualmente ser. Apenas sinto que preciso de algo diferente. Algo que me tire da rotina e me estimule.
Acho que nunca me senti a precisar de um novo cenário como nos últimos tempos.

Blogger gémeo?

Há almas gémeas. Já encontrei algumas.
E depois há, por assim dizer, bloggers gémeos.
Há um que me surpreende sempre no modo como as suas histórias tocam os meus pensamentos, como poderiam ser as minhas histórias. Por isso gosto de me sentar à sua sombra e saborear os frutos com que me brinda.

sábado, outubro 29, 2005

Cromoterapia

E a minha cor é:
DOURADO
Sabe muito bem o que está bem e o que está mal.
É uma pessoa alegre mas de difícil trato.
É para si difícil encontrar quem procura, mas assim que isso acontece não vai conseguir apaixonar-se outra vez durante muito tempo.
Obs. Dourado? Ai as ironias da vida. Agora vamos lá ver: 1ª) realmente tenho uma noção muito interiorizada de bem e de mal; 2ª) alegre, sim; 3ª) trato díficil? acho que não, mas é verdade que não tenho paciência para certas coisa; 4ª) completamente.

sexta-feira, outubro 28, 2005

Nélida Piñon

- Para mim, a Literatura é arte narrativa, essa arte tão ilusória e tão necessária, em que tenho uma grande crença: a narrativa é um traço civilizatório. Sem ela, talvez não soubéssemos contar a nossa própria história.
- Sou, como todos nós, uma pessoa múltipla.
- Somos seres demasiado ambíguos para sermos tratados com platitude.
- É importante ter a coragem de quebrar as minhas formas anteriores, os meus moldes.
- Os prémios facilitam-me a “vida prática”, mas tenho a total consciência de que não escreveram os meus livros.
- (…) sou uma mulher de sorte nos afectos. É o meu património.
In JL#915

quinta-feira, outubro 27, 2005

Estrela da Tarde, Ary dos Santos

Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca, tardando-lhe o beijo, mordia
Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia

Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia

Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza

Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram
Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram

Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que à noite amando se deram
E entre os braços da noite de tanto se amarem, vivendo morreram

Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto

Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto!

E eu com medo de estar a abusar…

Serpente – Quando Quiseres, eu tiro-te Cds da Net, é só dizeres quais queres.
Eu – Ok, Obrigada.

Eu –
Olha, sabes aquela tua oferta de tirar os Cds da net ainda está de pé? É que eu fiz uma lista, mas isto se calhar são Cds a mais? Tiras só o que puderes.
Serpente – Mas quantos são?
Eu – Uns 25…
Serpente – Não te preocupes, já me entregaram uma lista de mais de 100!

sábado, outubro 22, 2005

Lygia Fagundes Telles

- O ser humano é complicado, é tão enleado nos fios, é tão impossível de ser aberto, de ser decifrado. É um mistério intransponível.
- O problema é eterno. A solidão, a vontade de amor, a vontade da realização, a busca. O ser humano buscando outro ser. (…) É isto. É uma busca, uma esperança, um desespero, a vontade de estender a mão para o próximo e o próximo nega a mão. Onde é que está o próximo? Esse problema é eterno: o ser humano buscando o seu outro.
- É tão lindo quando você olha para o espelho e coincide a cara que tem no espelho e a própria cara. É um milagre. No momento em que você aceitar a sua face, sem cílios postiços, você está feliz, aceita a morte.
- Nós queremos nos iludir, apesar das loucuras deste mundo.
in Mil Folhas 21/10/05

quinta-feira, outubro 20, 2005

Cântico Negro, J. Régio

(…)
não, não vou por aí! Só vou por onde
me levam meus próprios passos…
(…)
eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios…
(…)
ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: “vem por aqui”!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
Uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou…
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou,
sei que não vou por aí!

Onde estão...

Às vezes há tanto para que poderíamos contar, que não se sabe por onde começar. Pelo início é sempre uma hipótese, mas onde é que o encontramos? Onde estão as pontas das histórias que se interligam na nossa vida? Muito, muito longe por vezes.

terça-feira, outubro 18, 2005

Morde-me

Morde-me os lábios
Até o sangue aflorar
Talvez assim sinta que viva

Desconhecida

sou filha de mãe e filha de pai
e não sou a mesma filha
sou isto e sou aquilo
e não sou a mesma
em tudo e para todos
tenho amizades e amizades
nem todos me têm do mesmo modo
nem sempre sou como devia
têm-me no momento
mas nem sempre

sou de vários conhecida
enfim desconhecida

sábado, outubro 15, 2005

JL #914

- (…) a juventude acaba no momento em que constatamos que somos mortais.
- Deverei morrer, se tudo correr bem, dentro de no máximo 20 anos. Antes disso, serei, como talvez já tenha ficado, um pré-defunto chato e reaccionário, de díficil convivência e rarefeita civilidade.
J. Ubaldo Ribeiro
Porque Setembro
tem este lacre selando cartas de
saudades
em Outubro.
A. Silva Roque

Dicionário Pessoal I

empatia - de em + Gr. páthos, estado de alma; s. f.; capacidade psicológica para se identificar com o eu de outro, conseguindo sentir o mesmo que este nas situações e circunstâncias por esse outro vivenciadas.

possidónio - de Possidónio, n. pr.; 1) s. m.; designação dada ao político provinciano e ingénuo que via a salvação da Pátria no corte radical de todas as despesas públicas; 2) adj.; pretensioso, vulgar, convencional.

quarta-feira, outubro 12, 2005

T. S. Eliot

O tempo presente e o tempo passado
Estão ambos talvez presentes no tempo futuro
E o tempo futuro contido no tempo passado.
Se todo o tempo é eternamente presente
Todo o tempo é irredimível.
O que poderia ter sido é uma abstracção
Que fica uma possibilidade perpétua
Somente num mundo de especulação
(…)
o tempo passado e o tempo futuro
o que poderia ter sido e o que foi
apontam para um só fim, sempre presente.

A casa é onde se começa. À medida que envelhecemos
O mundo fica mais estranho, o padrão mais complicado
De mortos e de vivos. Não o momento intenso
Isolado, sem antes nem depois,
Mas uma vida inteira a arder em cada momento
E não a vida inteira de apenas um homem
Mas de velhas pedras que não podem ser decifradas
(…)
no meu fim está o meu começo.

sábado, outubro 08, 2005

Sabedorias

Nothing in all the world is more dangerous than sincere ignorance and conscientious stupidity.
Martin Luther King

Tudo na vida é um problema de pessoas.
Simone de Oliveira

O filósofo não é sábio, está dois pontos afastado da sabedoria.
M. F. Molder

incompletitude

quis-me poeta
mas sinto-me incompleto
não dessa incompletitude que faz os poetas
mas desta que me faz ser quase homem
mas que me deixa sempre quase
e nunca lá
onde os homens se reconhecem
os poetas nascem
as palavras afloram
os mitos crescem
sou um quase
quase homem quase mulher
quase nada mesmo.

sexta-feira, outubro 07, 2005

Um exemplo do meu fascinio

Este mail andou a circular por ai. Adorei!
São subtilezas como as abaixo descritas que me fascinam na utilização da linguagem.


PARA TREINO DE LÍNGUAS
Trabalho de tradução para inglês em período de férias:
Três bruxas olham para três relógios swatch. Qual bruxa olha para qual relógio swatch?

E em inglês:
Three witches watch three Swatch watches. Which witch watch which Swatch watch?

Agora para especialistas:
Três bruxas suecas e transsexuais olham para os botões de três relogios swatch suíssos. Qual bruxa sueca transsexual olha para qual botão de qual relogio swatch suísso?

E em inglês:
Three Swedisch switched witches watch three Swiss Swatch watch switches.Which Swedisch switched witch watch which Swiss Swatch watch switch?

CONSEGUIRAM LER??????
POIS É........... POIS É...........

quinta-feira, outubro 06, 2005

De Música Popular

Potencialmente, toda a música é popular – se não o é hoje, é provável que o seja amanhã. Imagina que daqui a 100 anos anda tudo de gravador na mão, a tentar descobrir alguém que ainda toque jazz. A música popular vem do povo: há o povo da cidade e o povo do campo. Eu faço lá a mínima ideia se um pastor ou uma pastora não serão os líderes intelectuais da região onde vivem… É este romance que nos cativa.
Nuno Rodrigues, Banda do Casaco, entrevista no JL#98

Considerações Musicais

Wake me up when September ends
Deixa-me com um aperto no peito. Faz-me recordar uma adolescência e uma perda de inocência que não foi a minha. Serão estas sensações que fazem as great songs?

So beautiful
Porque será que julgo ser sempre Maroon 5 e só a meio da música me lembro que não.


Traduções musicais + Lindas
- Gelo, gelo, bebé, gelo
- Anda cá gaja, anda cá gaja, és a minha borboleta, açúcar
- És a minha parede maravilha!
- Paizinho fresco, paizinho fresco!
- Mãe Maria, vem a mim

Lembram-se?

sábado, outubro 01, 2005

Kazuo Ishiguro

- Como é que encaramos o facto de sabermos que vamos morrer? Quais são as coisas realmente importantes enquanto estamos vivos?
- (…) as pessoas são chocantemente capazes de explorar outras coisas. (…9 desde que isso esteja bem longe dos olhares, parecemos absolutamente dispostos a faze-lo.
- Será que o amor e a arte fazem realmente a diferença?
- Acho que estas coisas podem ser uma ilusão, mas, mesmo que o sejam, dão significado à nossas vida. As ilusões são importantes, exactamente como as memórias. Fica-nos o que recordamos de pessoas que perdemos, por exemplo.
- Enquanto crianças, a informação que recebemos é gerida ao ponto de realmente não percebermos muito, ou mesmo a maior parte do que se passa à frente dos nossos olhos. Crescemos a saber e a não saber.
- (…) com a clonagem não tememos a aniquilação, tememos uma profunda redefinição do que é um ser humano, tememos um realinhamento profundo da ordem social, acho que tememos tornar-nos uma subespécie, porque um novo tipo de humano será “melhor”.
- Há só uma coisa em comum entre estes dois medos: o receio de que, uma vez aberta a caixa, ela não se volte a fechar. Há o medo de que não seja possível voltar a trás e pôr tudo outra vez lá para dentro – e é tão fácil abrir a caixa.
- É um artifício muito útil para pensar no que significa ser humano.
- Eu sou daqueles que acham que as perguntam que nos vamos fazendo na literatura são praticamente imutáveis.
in Mil Folhas 04/09/05

Relativa importância

Os objectos e as pessoas têm a importância que lhes damos. Tal como diz o provérbio “beauty is in the eye of the beholder”, temos de ser nós a dar importância aos demais. Mas não o conseguimos fazer. Por isso não conseguimos compreender sofrimentos alheios, por isso as notícias que nos chegam de catástrofes distantes são exactamente isso: notícias de catástrofes distantes. Com tantas imagens banalizadas já por outras ficções, parece-nos somente outra inevitabilidade a que muito dificilmente estaremos sujeitos. Só vemos as imagens. Não percebemos os cheiros, não transpomos para nós uma possível perda, não vemos mais além. O nosso planeta é feito de muitos mundos e o nosso é somente este que nos rodeia numa proximidade relativa.

Será que o amor e arte fazem realmente diferença?

Não conheço muito das artes do amor-paixão, amor homem-mulher, apenas sei talvez o que concebo e idealizo e que nem sempre se viabiliza com a realidade. Conheço outros amores, outras afeições, outras paixões. Sim, fazem diferença.
Da arte sigo fios de vida ficcionais. Quer em filas de letras que se sucedem quer em imagens , alimento-me dessas vidas, tentando talvez transportar para a minha as lições que me são compreensíveis. Somos vampiros, todos os que se deixam seduzir pelas artes das artes são vampiros sedentos de uma nova vida, de uma nova perspectiva, de uma nova esperança. Incorpora-se dentro de nós a busca e não se perde o fascínio pela demanda. Sim, faz diferença.

quinta-feira, setembro 29, 2005

Será esta a ligação?

Na sua demanda pelo mar Mediterrâneo, Ulisses aportou na ilha da Sicília, habitada por um ciclope, tendo-o cegado, impedindo-o assim de perseguir as suas vítimas.
Cecília, nome próprio, significa cego.
Será esta a ligação?

Sabiam que?

A família Von Trapp, imortalizada em Música no Coração, existe mesmo?
É verdade, existiu. E o filme que todos nós conhecemos não é sequer a primeira adaptação da história desta família. A primeira adaptação foi um filme alemão, tendo sido produzido depois um espectáculo na Broadway, que esteve em cena vários anos, e só depois foi realizada a versão cinematográfica protagonizada por Julie Andrews e Christopher Plummer.
Factos reais da história: Von Trapp era oficial austríaco, casado em segundas núpcias com Maria – de quem viria a ter três crianças, o casal e a sua prole fugiu da Austria aquando da ocupação nazi e emigrou para os EUA, onde sobreviveram como grupo coral familiar. Ou seja, os acontecimentos retratados no filme aconteceram sim, mas, como qualquer produção holywoodesca destinada a grandes públicos, foi bastante adocicada.
Se quiserem saber mais pormenores, estejam com atenção ao Biography Channel.
Ah, mais uma coisa, o verdadeiro Von Trapp não é nada parecido com o charmoso Christopher Plummer.

terça-feira, setembro 27, 2005

Uma volta como um cão no fundo do cesto

Em um ano a vida dá tantas, tantas voltas. Os nossos sonhos podem até tornar-se pesadelos. Por isso costumo dizer: para quê complicar a vida, se ela própria já é complicada q.b.
Fiquei triste este fim-de-semana com as novidades da P. E eu sem saber de nada e sem sequer poder confortá-la. Mas ela e o C. são fortes e a vida vai compor-se, compõe-se sempre. E eles têm uma boa razão para lutar…

P.S. Vou tentar estar mais próxima, quanto mais não seja para o desabafo.

Desabafos do meu pai…

Só há duas coisas que ainda gostava de ver e fazer antes de morrer: uma é ver a miúda casada e a outra é acabar de arranjar a casa. Só me falta acabar as obras da casa e, bem ou mal, gostava de a ver casada e amparada.

O que não disse…
Bem ou mal? Eu compreendo a tua expressão, mas para me veres mal casada mais vale não veres, não é? Sei que a intenção é boa. Casada, poderás ter a sensação que podes morrer e que eu não vou ficar desamparada. Mas não há nenhuma garantia. Se tiveres de me ver casada, verás. Bem ou mal, isso também é verdade. Mas não estou, nem ficarei desamparada se isso acontecer.
É verdade que não há esse alguém que também eu gostaria de ter na minha vida, mas há muita gente na minha vida em quem me posso apoiar e confortar. Tenho os teus filhos e netos, e sabes bem como os miúdos nos dão ânimo nos piores momentos. E tenho os meus amigos, sim aqueles que tu vês vezes nos meus aniversários não são só amigos para as festas, são para os momentos difíceis também. Não te preocupes, de uma maneira ou de outra, as coisas hão-de se compor. Tu e a mãe ensinaram muito e eu hei-de seguir a minha vida e a qualquer momento sei com quem posso contar.
Sei que apesar de não o demonstrares te preocupas, por isso espero que a tua preocupação não passe da uma natural apreensão, pois foi sempre esse o meu objectivo. Voar com as asas que vocês me deram e o voo está ensaiado. Não vou cair tão facilmente assim.

sexta-feira, setembro 23, 2005

Vou Vindimar

De escrita

- É na escrita, naquilo que ela nos devolve de nós como aprendizes da vida, leitores em crescimento, que descobrimos os escritores e as verdadeiras referências.
- O escritor vale pelos seus livros, é na escrita que ele é excepção e se imortaliza.
- … nem todos os critérios são por vezes os mais justos, mas sim os mais “adequados”.
Marta Lança

- … escrever é uma experiência, não é uma carreira.
Lídia Jorge

- É preciso sentir que não é fácil escrever – como não é, de resto, fácil viver.
A. Bessa-Luís

- … não se é escritor, está-se escritor … nem sempre somos nós quem escolhe escrever um livro. Muitas vezes é ele quem toma conta de nós.
J. E. Agualusa

- Todas as pessoas são diferentes, reduzi-las às suas características comuns é sempre reduzi-las.
- No momento da escrita, acredito na procura sincera de uma pureza absoluta.
J. L. Peixoto

- Se falamos de literatura a única coisa que importa são os livros, só os livros, apenas os livros. Os bons livros resistem aos seus autores, aos leitores de diferentes gerações, às editoras que aparecem, desaparecem, aos agentes literários, etc.
- O que é um bom leitor? É um leitor que já leu muitos livros bons.
- Um escritor corajoso escreve sem pensar em ninguém. Se possível deverá mesmo, no limite, contrariar as suas próprias expectativas. Depois de o livro estar escrito, qualquer escritor gosta de ser lido.
G. M. Tavares

- … um livro é um serviço prestado aos outros.
M. S. Tavares

quinta-feira, setembro 22, 2005

Não sei olhar o céu, desconforta-me
Sei somente
Olhar a folha
Onde leio, onde escrevo
O meu mundo é este
Inscrito em páginas
Não sei nada do mundo de for a
Esse que dizem natural
Vivo de artifícios
Equívocos linguísticos
Céu nuvens árvores ?
Apenas palavras letras sons
Nem sequer ditos ao vento
Apenas retidos aqui
neste momento
não sei erguer os olhos
o horizonte amedronta-me
aqui estou segura
aqui sou segura.

Mesmo que queira erguer
Este imã a que chamo folha
Impele-me para baixo
Para os meus infernos
Para remoe-los, tentar compreende-los
O céu não traz o inferno
Promete o divino
Eu não quero promessas
Não quero possíveis infinitos
Só tenho o concreto aqui e agora
Esta folha que me recebe
Uma vez mais prende-me
O grilho protege do voo
Da queda da precipitação
Aqui fico aqui não caio
Permaneço inerte
Quieta muda despercebida
Do mundo, sem receio
Aqui fico bem
Quente protegida confortável
Uteramente bem.

Campeonato Nacional de Futebol

Ainda agora começou e já estou farta do campeonato nacional de futebol. E ainda dizem que o sexo masculino não gosta de novelas. Pois.
- Cerca de nove meses de duração
- Capítulos diários
- Enredos que não lembram a ninguém
- bons, maus, assim-assim
- Discretos, exibicionistas
- Ricos, menos ricos, remediados
- Intrigas e escândalos
Haja paciência para mais uma época.

quarta-feira, setembro 21, 2005

Outono Na Sertã, L. Ralha

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- Não estava ainda à beira da loucura, mas já vivera momentos de maior estabilidade mental.
- (...) o teorema de Marques, segundo o qual o tempo que uma mulher demora a preparar-se corresponde à multiplicação de um factor entre 1,7 e 2,5 do número de minutos que anunciou.
- Foi a noite mais longa de todas as noites que lhes aconteceram.
- Conhecimentos inúteis seriam certamente os ossos da omnisciência.

Rapex

É um método desenvolvido por uma médica sul-africana com o objectivo – último – de prevenir violações. Em que é que consiste? É uma espécie de preservativo feminino cujo interior é guarnecido de pequenos espinhos que se prendem ao pénis, impossibilitando ao homem a continuação do acto sexual e que permanece “colado” ao mesmo quando este já não se encontra na vagina. Se esta é uma iniciativa louvável, há, no entanto, umas questões que tornam este método polémico.
1º não evita a violação. Só ao haver penetração é que o Rapex se “cola” ao pénis, logo não previne o acto. O que possibilita é a captura e posterior punição do perpetrador através de análises de DNA. Uma vez que só é possível a retirada do Rapex através de uma pequena cirurgia, o culpado terá sempre de se dirigir ao médico.
2ª muitos especialistas prevêem que a utilização do Rapex tenha uma consequência ainda mais violenta: um aumento do número de assassínio das vitimas. O violador ao ver frustrada a sua “façanha” poderá querer vingar-se da sua vítima através da violência física e provocar um maior número de mortes.
3º os homens podem ser vítimas da sua utilização indevida. Pode haver mulheres que utilizem o Rapex como uma ratoeira num acto perfeitamente normal de sexo consentido. Podem assim vingar-se dos seus companheiros ou exercer algum tipo de chantagem sobre eles, acusando-os de violação quando esta de facto não aconteceu.
4º para além da violência sexual e física inerente à utilização do Rapex existem ainda a violência psicológica. Ou seja, a mulher para o utilizar é porque acha que poderá ser violada. Já de si uma imensa crueldade.

terça-feira, setembro 20, 2005

Nana Caymmi

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É uma das mais belas vozes do mundo. Descubram-na...

Resposta ao Tempo
Batidas na porta da frente é o tempo
Eu bebo um pouquinho pra ter argumento
Mas fico sem jeito, calado, ele ri
Ele zomba do quanto eu chorei
Porque sabe passar e eu não sei
Um dia azul de verão, sinto o vento
Há folhas no meu coração é o tempo
Recordo um amor que perdi, ele ri
Diz que somos iguais, seu eu notei
Pois não sabe ficar e eu também não sei
E gira em volta de mim, sussurra que apaga os caminhos
Que amores terminam no escuro sozinhos
Respondo que ele aprisiona, eu liberto
Que ele adormece as paixões, eu desperto
E o tempo se rói com inve.........ja de mim
Me vigia querendo aprender
Como eu morro de amor pra tentar reviver
No fundo é uma eterna criança que não soube amadurecer
Eu posso, ele não vai poder me esquecer
No fundo é uma eterna criança que não soube amadurecer

Pelos cemitérios...

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Ao contrário do que se pensa, deambular por um cemitério não é nem mórbido nem terrível: é apenas deambular por um cemitério, como se deambula por um biblioteca e se observa capas e capas de livros com títulos cujo enredo desconhecemos. Campas com nomes e datas que não nos não qualquer informação sobre as pessoas que viveram aquelas vidas. São apenas vidas cuja última página foi encerrada naquele espaço. São apenas repositórios de experiências inutilizadas pela inacessibilidade.
Resta-nos observar o que fica à superfície. A dedicação ou não de quem fica a um espaço que apenas significa dor ou indiferença. São flores velhas e ressequidas nas campas. A maioria de plástico como se a perenidade do material mostrasse aos demais que o sentimento é mais ou menos sincero, mais ou menos verdadeiro, porque tem sempre um testemunho presente. Os entes queridos não vão ao cemitério por amor à pessoa que lá está. Vão por obrigação social. Porque um cemitério é apenas a recordação de que a viagem empreendida não tem regresso. O amor está no recordar constante dos sorrisos e das palavras a cada momento e em qualquer local. Esse amor de doçura e melancolia não necessita de idas regulares ao cemitério. Essa ideia de que na morte se pode ainda mostrar o significado das pessoas. As pessoas que importam continuam a ter significado, mas aqui, aqui no nosso coração e na nossa mente. É aí que continuam a viver todos os dias.
Deambular por um cemitério pode, no entanto, ser curioso. Observar os nomes diversos que se parecem cruzar e que tentamos conciliar na nossa mentes com árvores genealógicas improváveis, ou não tão improváveis assim. Encontrar em jazigos e mausoléus constatações de outras crenças. Observar homenagens singelas e sentidas e amiúde palavras ocas. Ver os reflexos da história, das histórias. Não, deambular por um cemitério não é mórbido é uma viagem de aprendizagem.
E podem não ter reparado, mas é dos poucos sítios onde ainda se ouve os pássaros a cantar.

sábado, setembro 17, 2005

Sim, eu sei...

Sim, eu sei... Ainda falta algum tempo para o Natal, e para o meu aniversário então nem se fala, mas apetece-me algo novo. Se alguém quiser abrir os cordões à bolsa está à vontade, estão aqui várias sugestões.

Inveja, Zuenir Ventura,
Jerusalém, Gonçalo M. Tavares
Jardim das Delícias, João Aguiar
A Dama e o Unicórnio, Tracy Chavalier
Os Melhores Momentos de Os Normais, Fernanda Young e Alexandre Machado,
A Casa Quieta, Rodrigo Guedes de Carvalho,
Crónica Feminina, Inês Pedrosa
Splaaash, Francisco Salgueiro
Longe de Manaus, Francisco José Viegas
E se Amanhã o Medo, Ondjaki
Pensatempos : Textos de Opinião, Mia Couto
O Canto da Sereia : Um Noir Baiano, Nelson Motta
O Livro dos Seres Imaginários, Jorge Luís Borges
Fronteiras perdidas, José Eduardo Agualusa
Encontros de Amor Num País em Guerra, Luís Sepúlveda
Budapeste, Chico Buarque
31 Canções, Nick Hornby
Breve História de Quase tudo, Bill Bryson

quinta-feira, setembro 15, 2005

Cruzeiro Seixas

Leva este cântaro,
Enche-o de água
Salgada,
Traz para este lago
Todo o tamanho do céu.

Leva, enche
E traz
Os olhos secos,
Com água pura
Escorrendo no musgo
Até formar um mar.

Leva este cântaro,
enche-o,
traz água
até submergir
esta paisagem.

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As Parcas deixaram de tecer

Nunca se sabe quando o fio da vida se rompe e deixa cair um corpo no vazio. Nunca se sabe quando o embate com a morte se dará. Muitas vezes ocorre cedo demais. De um modo demasiado cruel. Demasiado triste.
Ninguém esperava esta reviravolta do destino.
Em nós, fica um estranhamento e sempre, sempre a sensação de impotência. O que pensar, o que sentir, o que esperar.
Apenas palavras de apoio, apenas um ombro consolador, apenas um abraço. É tudo o que nos resta. É tudo o que nos é possível a quem fica.
Que a eternidade seja pacifica…

É sempre triste receber a notícia da morte de alguém com quem, apesar de não haver grande intimidade, se partilhou e testemunhou alguns momentos importantes.
No sábado, recebi uma destas notícias. Fiquei sem palavras e custou a assimilar. Porque às vezes vamos permitindo que se intercalem meses entre encontros, entre amizades. Depois, as notícias caem que nem uma bomba. Hoje, terça-feira, foi o dia da despedida. Um dia estranho, cansativo emocionalmente.
Como disse, não tinha uma relação muito profunda com o H., mas conhecia-o já há alguns anos. Namorou e casou com uma colega de trabalho e amiga. A última vez que o vi foi no seu casamento no Verão passado. Estava feliz. Revi as fotografias desse dia. Vistas agora parecem tão irreais, tão distantes no tempo e no espaço. Entretanto, estive já com a C., mas não com ele. Na minha cabeça parece que há somente esses dois momentos tão antípodas. A felicidade do dia do casamento e a tristeza do dia de hoje. Parece que entrei numa outra dimensão e dei um salto no tempo. É tão estranho…
H. que a tua alma encontre o descanso que merece…

quarta-feira, setembro 14, 2005

Your Blog Should Be Yellow

You're a cheerful, upbeat blogger who tends to make everyone laugh.
You are a great storyteller, and the first to post the latest funny link.
You're also friendly and welcoming to everyone who comments on your blog.

De Adolecentis

Um dos mais belos e interessantes textos sobre a adolescência:

O único mistério da vida é a adolescência. O nascimento é apenas um acontecimento, fácil de constatar e documentar, a morte, devido `qa ausência de consequências, é um não-acontecimento. A ideia de morte produz imensos efeitos, mas a morte, na realidade, não existe. Tem falta de um depois documentável, a velhice, sendo talvez uma coisa boa, é o que é. A idade adulta também. Isto é: também é velhice.
A infância, do ponto de vista do próprio, não é nada, porque o próprio não tem ponto de vista próprio. A infância são as mães. Uma coisa extraordinária mas que não chega a ser um assunto, porque é sempre bastante mais. A infância também serve às vezes para ser depois inventada.
A adolescência é o único mistério. Um rapaz já é um homem, mas ainda não sabe bem o que é, e isso é susceptível de gerar inúmeros equívocos, que por vezes viram contra o próprio ou contra os que o rodeiam. A violência adolescente aparece como uma espécie de cena de pancada em que o agressor e vítima são a mesma pessoa, se é que se lhe deve chamar pessoa. A adolescência é uma forma de fome. A comida disponibilizada pelos mais velhos não presta, e os adolescentes comem a sua própria carne, que por vezes se torna venenosa.
A melhor alternativa à violência são os espelhos, mas estes nem sempre funcionam do modo mais desejável. A descoberta do espelho é a maior descoberta da história da humanidade de cada homem. O rapaz passa a poder ser um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, uma legião de imagens de homens capazes de arrumar e usar o mundo à medida das suas vontades, fantasias e prazeres. Nos melhores casos, o sortilégio dos espelhos inspira imagens de sucesso, que são também uma promessa de sexo.
Mas é preciso ter muito cuidado com os espelhos, porque nunca se sabe exactamente qual a imagem que eles nos vão devolver. Uma descoincidência radical pode gerar uma decepção com consequências catastróficas.

… nunca saberemos nada sobre ninguém em estado de adolescência.


Alexandre Melo, in Actual

terça-feira, setembro 13, 2005

Weird?

You Are 50% Weird

Normal enough to know that you're weird...
But too damn weird to do anything about it!

Quero culpar-te!

Silenciosamente puseste-me fora da tua vida e eu sem perceber… o que te fez desligar a ligação. Afinal, foste tu que me procuraste.
Quero culpar-te e assim redimir-me da frustração da falha. Quero poder dizer que não fui eu que nos afastou. Mas também não fui eu que nos ligou. Mas eu nunca disse não, nem sequer me impus. Fui até demasiado compreensiva. Eu e a mania de entender os outros. E depois recalco o que realmente anseio. Omito os meus desejos.
Quero culpar-te: de criar em mim a esperança. Não, pior, quero culpar-te da minha culpa. A minha culpa de saber que só me davas migalhas e que eu insisti em receber e até mesmo em mendigar.
Mas chega um dia em que é necessário aceitar a nossa falha, a nossa culpa. Assumo-a agora.
Sinto-me pronta para fechar a porta. Já vai sendo mais que hora.
The moment is here…
Saio.

sábado, setembro 10, 2005

O Meu Padrão Cerebral

Your Brain's Pattern

Your mind is an incubator for good ideas, it just takes a while for them to develop.
But when you think of something, watch out!
Your thoughts tend to be huge, and they come on quickly - like an explosion.
You tend to be quiet around others, unless you're inspired by your next big idea.

Leituras deFDS

Mil folhas
O que morrerá comigo quando eu morrer?
Ana Teresa Pereira

A não ser que exista uma memória do universo, em cada morte desaparece uma coisa ou um número infinito de coisas.
J. L. Borges

É a questão da suposta trivialidade da pop oposta à suposta profundidade da cultura séria.
Luís Maio sobre Nick hornby

Actual
- Estou no congresso representando várias minorias nacionais. Sou meio índio, meio negro, meio japonês, meio homossexual e meio honesto.
- Pra saber como vai ser seu marido, encha uma bacia grande com água e deixe na rua durante toda a noite de São João. Se cair folha dentro da bacia vai ser moreno, se cair flor vai ser claro, se cair insecto vai ser militar e se cair homem mesmo leva pra casa, enxuga e fica com ele mesmo, uai.
L. F. Veríssimo

Um romance é um espelho que se passeia num longo caminho. Tão depressa reflecte aos nossos olhos o céu azul, como o lodo da berma.
Stendhal

GR
… milhares de anos de civilização apenas disfarçaram o abismo.
Barata-Feyo

sexta-feira, setembro 09, 2005

Katrina & The Waves

Este era o nome de um grupo pop dos anos oitenta cujo grande hit é “Walking on sunshine”, uma canção alegre e bem disposta. Mas nos dias que correm, o nome Katrina não significa, nem alegria, nem boa disposição, nem passeios despreocupados ao Sol. Katrina lembra sim o poder esmagador e impiedoso da natureza, que nem os grandes chefes de estado, nem ninguém pode prever nem controlar.
Já todos ouvimos as críticas à administração Bush sobre o modo como encarou este acidente natural. Já todos vimos as imagens de pessoas que perderam tudo o que possuíam, as pilhagens, o por vezes extremamente zelosa actuação da polícia, as imagens de refugiados, a destruição.
Poderia ter sido feito mais? Claro que podia. Depois das situações passarem e ao observar as consequências, é sempre fácil apontar erros e aspectos a melhorar. Mas o que nunca se pode subestimar é a capacidade da natureza subverter todas as medidas de segurança. O homem consegue contorna-la, mas não consegue controla-la.
Creio que o que mais choca os americanos é que desta vez a catástrofe não é cinematográfica, é real e aconteceu no quintal deles e não a milhas e milhas de distância, como, por exemplo, o maremoto. Aliás, os americanos lidam muito bem com tragédias à distância, mas no seu próprio espaço as emoções são muito mais complicadas de digerir.
E quando digo os americanos, digo todos os povos que não são assolados por fenómenos naturais. Se o mesmo acontecesse actualmente no nosso país, a verdade é que estaríamos ainda mais perdidos que os americanos. Nós não somos exactamente conhecidos pela nossa capacidade organizativa e de antevisão de possíveis desastres naturais. Talvez por isso cada Verão é um verão demasiado quente e assustador.
Depois, também é fácil colocar as culpas a essa figura de costas largas que é o governo. Já reparam como tudo é culpas dos governos, seja lá quais forem as cores no poder. Se não chove é culpa do governo. Se as pessoas não cuidam as suas próprias propriedades é culpa do governo. Se o mar se revolta é culpa do governo. Este poderá não ser isento de responsabilidades, pois cabe-lhe a ele criar medidas de prevenção, mas sou da opinião que todos nós temos responsabilidade. Cabe nos também a nós pensar e fazer a nossa quota parte. Temos de ser cidadãos responsáveis e só assim as nossas críticas serão válidas.
Claro que nós não evitaremos a ocorrências de novas catástrofes, mas podemos não construir, por exemplo, casas ilegais à beira praia, pensando somente na beleza da vista e sem qualquer preocupação de segurança.
Acredito que a natureza é uma busca constante de equilíbrio e se nós não contribuirmos para esse equilíbrio não podemos exigir que ela seja piedosa.

p. s. Monte Roraima

Pois é, eu que nunca tinha ouvido falar nesta região brasileira, consegui três vezes no mesmo dia. A última foi no Mil Folhas e dizia respeito à autoria do romance “Papillon” atribuída a Henri Charriére, mas que recentes declarações atribuem a René Belbenoît, um outro fugitivo da ilha do Diabo, que terá vivido no estado de Roraima.

quinta-feira, setembro 08, 2005

Terminou...

O meu amor de Verão terminou. Tão inesperada e subtilmente como começou. Como qualquer amor de adolescência, apesar de já não o sermos. Amor de adolescência pela sua inocência, pelo seu diluir previsto. O verão termina e as prioridades retornam, apenas nós não nos tornámos uma prioridade.
Valeu a pena. Sim, valeu a pena. Conheci-me melhor, percebo melhor aquilo que quero e espero.
Tenho pena. Sim, tenho pena. Que a possibilidade não se tenha concretizado. Mas não há mágoas. Não pode haver. Não houveram quaisquer promessas a cumprir que fossem quebradas. Na ausência de palavras o futuro não era incerto, era apenas um silencioso anunciar do seu término.
Fica uma certa tristeza, uma certa melancolia no olhar e no coração. Um rasto que deixa qualquer oportunidade não cumprida. Mas o olhar visa sempre o horizonte e um novo devir.

JL#911

Entrevista com Zuenir Ventura
- (…) o ódio espuma, a preguiça se derrama, a gula engorda, a avareza acumula, a luxúria se oferece, o orgulho brilha. Só a inveja se esconde. Ciúme é querer manter aquilo que se tem; cobiça é querer o que não se tem; inveja é não querer que o outro tenha.
- (…) a inveja é um sentimento inconfessável que se caracteriza pela ausência de sintomas aparentes.
- (…) depressão, é uma forma detestável de narcissismo.

quarta-feira, setembro 07, 2005

Um terço dos portugueses nunca vai ao cinema

Este era o título de uma notícia recentemente publicada num jornal nacional. Este título não me espanta. Afinal, cada vez menos é necessário ir ao cinema para se ver bom cinema. Com a profusão de canais por cabo dedicado à sétima arte, aos preços mais acessíveis praticados quer por estes, quer pelos clubes de vídeo, e sem esquecer o crescente fenómeno da pirataria, não é de admirar que cada vez menos pessoas se desloquem ao cinema e paguem um bilhete, que, por exemplo, eu acho caro. Até por uma grande maioria dos espectadores de cinema, não se limitam ao filme. É já tradição as pipocas, as bebidas. E, tendo em conta a conjuntura económica, ainda se torna menos em conta ir ao cinema. Mas como ou onde se vê cinema, não me parece o mais problemático, desde que se veja cinema e se tenha uma percepção analítica daquilo que se vê, o formato é indiferente.

Não é...

Não é a relação desejada, idealizada, porque quero mais. Quero alguma definição que me dê uma sensação de segurança. Sinto-me perdida entre o que tenho, e gosto, e o que idealizei e quero. Não sei se correrá bem e talvez seja essa incerteza que também me move e fascina, que me obriga a estar mais atenta e também me deixa ansiosa.
O que temos? Uma amizade colorida. Só que descobri que não tenho estofo emocional, maturidade sexual e sentimental para tal o que me deixa inquieta. O que parece um contra-senso, já que quando estamos juntos sinto exactamente uma calma e uma sensação de bem-estar deveras pacífica.
Mas tenho descoberto certas coisas em mim. E não sendo esta uma relação definitiva, cada vez mais o sinto, tem sido uma descoberta e tenho até alguma pena de não ser suficientemente paciente para esperar e aguardar algo mais, algo que cada vez mais tenho a certeza que não virá.

sábado, setembro 03, 2005

Monte Roraima

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O Monte Roraima é uma formação rochosa com um aspecto particular caracterizado pelas suas escarpas verticais que conferem um aspecto de inacessibilidade ao seu topo. Além da sua extrema beleza cénica, possui um ecossistema único. Este ecossistema foi no final do século 19 visitado pelo botânico inglês Everard Im Thum, cujos relatórios expedição foram publicados na National Geografic, e serviram de inspiração ao escritor Conan Doyle a escrever "O Mundo Perdido", publicado no início do século passado.
Quem assistiu à série que passou há uns meses na RTP1 com o mesmo título pode perceber como as características físicas do local ai observadas correspondem exactamente a este monte. Na ficção, uma expedição fica aprisionada num enorme planalto do qual não há saída aparente e que é povoado por uma fauna e flora típicos.
Agora, perguntarão vocês, porque estarei eu a falar deste local? Uma razão é óbvia: vi a série, ou pelo menos vários episódios, e nunca me tinha passado pela cabeça que a história poderia ter como base a descrição de um local real. E como é que eu soube da existência desse local? Hoje, passou na SIC, há hora do almoço, um documentário que acompanhava a carreira de David Attenborough. Sim aquele senhor que o Herman José homenageava no seu sketch do “The Human species is often found…” e do qual já todos nós vimos um documentário apresentado por ele. Ora bem, neste documentário Attenborough em conversa com Michael Pallin, mais conhecido do público como um Monthy Python, fala em como uma gravura deste local sempre lhe tinha suscitado uma enorme curiosidade ao logo de 40 anos e do seu prazer quando pode finalmente lá fazer um programa.
E depois há coincidências que nem o diabo explica, como se costuma dizer. Não é que chego ao trabalho e resolvo pesquisar na net um pouco sobre o local. Depois, vem o meu colega com os jornais do dia e não é que o suplemento Fugas do Público é exactamente dedicado ao Monte Roraima.
Quis partilhar com vocês o que aprendi hoje, mas se quiserem informações mais especificas sobre o local, basta irem ao google. Espero que gostem.

sexta-feira, setembro 02, 2005

o mundo de fora agride-me

o mundo de fora agride-me
não compreendo porque me magoa
porque insiste em magoar-me
que terei feito ou é o meu nada fazer
que ofende e assim me castiga

Quase esquecia…

O cheiro de homem
O cheiro a sexo
O sabor salgado a pele
A língua molhada
A tensão e a vontade
O alívio de chegar
O prazer
O calor
As pernas dormentes
As carícias nos meus seios
A boca a percorre-los
Os meus olhos a fecharem-se
Centrada somente em sentir
As mãos firmes
Sentir-me preenchida
Redescobrir
O abandono

quinta-feira, setembro 01, 2005

They Put Out Paradise to Build a Parking Lot

Neste momento, e já há alguns meses, em Agualva-Cacém, a minha terrinha, está a decorrer o programa Polis para recuperação e remodelação da cidade, que diga-se de passagem bem estava a precisar. O Cacém nunca foi um modelo de planeamento urbanístico e muitas coisas importantes como espaços verdes foram sempre deixadas não sei muito bem aonde.
Mas não vou falar exactamente do Polis. Vou falar antes dos sítios da minha infância que já desapareceram e somente um deles foi devido ao Polis.
Comecemos na minha própria rua onde o jardim infantil deu lugar a um pequeno parque de estacionamento. Para ir para o parque era só sair da porta do prédio e dar talvez uns dez passos. Escusado será dizer as horas de brincadeira da minha infância que ali passei. E as vezes que levei a minha sobrinha lá, não é? Mas alguém decidiu que aquele parque era uma ameaça à saúde pública. O que não era mentira de todo. Aliás a areia nunca era trocada, quando muito uma nova carrada era colocada em cima. E o chamado equipamento também já não obedecia aos actuais preceitos de higiene e segurança. My Godinho, como a minha mãe dizia: nem sei como é que os meus filhos se criaram sem estas mariquices, mas, enfim…
Depois foi a vez da minha escola primária se transformar igualmente num parque de estacionamento. Por isso cada vez que oiço aquela música dos Counting Crows “They put up Paradise to build a parking lot” para mim tem todo o sentido.
O último local da minha infância a ser demolido é agora uma das bases de sustentação do novo viaduto que vai servir de ligação à encosta de S. Marcos. Era a casa da patroa da minha mãe onde passei muitas tardes e aprendi muitas coisas. A Jú conversava muito comigo e além de me fazer roupas para as bonecas, ensinou-me também um pouco a costurar e as coisas básicas do crochet. Fazia-me sumo de cenoura e quando era a hora do lanche, apesar da minha mãe levar sempre o meu, ela punha sempre uma chávena para me servir também chá. Ela foi a minha verdadeira avó. Senti mais a sua morte que algumas pessoas supostamente mais chegadas. Por isso a Jú tem sempre um lugar no meu coração. A minha Jú…

Crónica de uma morte anunciada

Ontem foi o encerramento oficial de uma casa nocturna onde passei muitos e bons momentos, mas que há muito tinha deixado de ser o que era. Por isso também há muito que me tinha despedido dela.
Quando ontem me diziam: hoje é o fim de uma era; eu respondia: essa era já acabou à muito tempo. Ontem foi a penas o desligar da máquina de um doente há muito em morte cerebral e que apenas a carolice de muitos teimava em que continuasse viva. Mas a chama há muito que desapareceu. Extinguiu-se quase sem se dar por isso.
Não vou ter saudades. Eu também já não sou a mesma pessoa. As coisas mudam e nós também e também para nós as coisas deixam de ter sentido. Já não tinha sentido para mim. Vou sim é relembrar sempre os bons momentos passados. Foram muitos mesmo. Felizmente.

quarta-feira, agosto 24, 2005

A Educação de Max Bickford

Max Bickford é professor universitário numa tradicional escola feminina e cujos grandes … é a criação de dois filhos que a recente viuvez obrigou a encarar e a escrita de um livro cuja personagem principal é o seu alter-ego. A quem interessar, poderá seguir as peripécias deste professor interpretado por Richard Dreyfuss de segunda a sexta na :2 às 23.30.
No episódio de ontem, Max é confrontado com a possível proximidade da morte do seu pai e num diálogo com o seu filho deu-lhe uma explicação curiosa sobre como o homem lida com os seus medos. As palavras não são as mesmas, mas foi algo assim:
As histórias de terror e os seus monstros, como seres alienígenas e vampiros, por exemplo, são apenas formas metafóricas do ser humanos lidar com medos e receios bem reais. O medo que temos dos extraterrestres não é mais que o pavor que temos ao nos sentirmos tão pequenininhos quando comparados com a imensidão do universo. As crianças inventam monstros no armário para se abstraírem, por exemplo, de ambientes de divórcio. Porque é inevitável pensar que se duas pessoas que amamos são capazes de deixar de se amar, então também podem deixar de nos amar. É o medo da rejeição.
Já os vampiros são um modo de lidar com o medo da morte. A morte é o inevitável, o completo desconhecido. através da figura do vampiro que sobrevive na morte, o ser humano lida com a sua falta de parâmetros de segurança aos quais se possa agarrar nesse estado.
Achei curioso…

terça-feira, agosto 23, 2005

JL #910

(…) deus está é preocupado com a especulação imobiliária na zona costeira!
Qualquer destes acidentes naturais faz parte de uma crueldade que existe na natureza e que nos escapa…
Não há ternura na natureza, não há piedade, isso são conceitos que o homem inventou. O mundo acabaria no instante em que a natureza sentisse piedade.
Tiago Torres da Silva

Nunca é tarde para ter uma juventude feliz!
Onésimo Teotónio Almeida

Um povo só atinge a maturidade quando é capaz de se afirmar pela literatura – coisa que o nosso faz há muito. Escrever é para ele vencer o desconhecido, como o navegar.
(…) ser-se evoluído, em qualquer época, é preservar a memória, porque sem ela não há pensamento, sem pensamento não há ideias, sem ideias não há imaginação, sem imaginação não há futuro.
Só a disponibilidade perante a vida e a morte nos permite olhar o horizonte – e não enjoar.
Fernando Dacosta

quarta-feira, agosto 17, 2005

Pedido de desculpa

Devo-te uma explicação que não consegui dar-te no momento, porque nem sempre me é fácil dizer exactamente o que sinto, até porque nem sempre sei bem o que sinto.
Primeiro deixa-me tentar explicar como entraste na minha vida. Entraste e pareces ter percebido algo em mim que não foi recíproco, confesso e tu sabe-lo, mas que aos poucos fui-me talvez dando a oportunidade de te conhecer melhor. E estava a gostar bastante e não me arrependo das palavras que trocamos.
Mas, às vezes dão-se pequenos acontecimentos que se tornam maiores do que julgávamos ser. E fui sincera, ou pelo menos tentei ser o mais sincera possível, mas nem sempre é fácil expor os nossos sentimentos.
A verdade é que eu julgava que o meu coração estava livre e desimpedido, como se costuma dizer. E foi nessa crença que as coisas se foram desenvolvendo contigo.
O que eu não esperava era que rever uma pessoa que julgava um capítulo passado na minha vida, fosse mexer tanto comigo. E foi isso que aconteceu num encontro casual entre amigos em comum, o que mais tarde ou mais cedo iria acontecer. Mas a verdade é que fiquei balançada, até demasiado balançada. E daí a tua impressão de que estou diferente. Eu estou diferente: apercebi-me de algo que julgava não existir.
Nunca foi meu objectivo nem magoar ninguém nem magoar-me deliberadamente. Mas creio que neste momento não posso ser mais do que amiga, se achares que é possível continuarmos a se-lo. Lamento, acredita que isto não estava nem nos meus mais remotos planos. Mas aconteceu e não posso nega-lo.

terça-feira, agosto 16, 2005

Possessing the Secret of Joy, A. Walker

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- (…) there could be no happy community in which there was one unhappy child.
- One was left speechless by all such a person couldn’t know.
- When I was younger I thought the church was there because it helped everybody enlarge their spirit, but really, people around here appear to be more meanspirited than ever.
- (…) the people’s characteristics, easily discerned, were imprinted on the landscape.
- Life goes on. The pain of it so sure. The sweetness of it so mysterious.
- That the story is only the mask for the truth?
- (…) men refuse to remember things that don’t happen to them.
- World wars have been fought and lost; for every war is against the world and every war agains the world is lost.
- One never asked for fear of the answer.
- Women are indestructible down there, … they are like leather: the more you chew it, the softer it gets.
- Man is jealous of woman’s pleasure, …, because she does not require him to achieve it.
- (…) suddenly I had to start feeling my own feelings for myself.
- (…) when one has seen too much of life, one understands it is a good thing to die.
- (…) the God of woman is autonomy.
- Religion is an elaborate excuse for what man has done to women and to the earth.
- Do fools need encouragement? … they encourage themselves.
- The pleasure a woman receives comes from her own brain. The brain sends it to any spot a lover can touch.
- It is only because a woman is made into a woman that a man becomes a man.
- (…) maybe death is easier than life, as pregnancy is easier than birth.
- Because women are cowards, and do not need to be reminded that we are.
- There is for humans no greater hell to fear than the one on earth.
- RESISTANCE IS THE SECRET OF JOY!

segunda-feira, agosto 08, 2005

Manhã Submersa, V. Ferreira

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- (…) só é fútil e ingénua a infância dos outros – quando se não é já criança.
- Eu vivia, de resto, agora, e cada vez mais, da minha imaginação. E foi por isso a partir de então que eu descobri a violência da realidade. Nada era como eu havia fantasiado e não sabia porquê. Parecia-me que havia sempre outras coisas à minha volta que eu não supunha, e que essas coisas tinham sempre mais força do que eu julgava. Assim, a minha pessoa e tudo aquilo que eu escolhera para mim não tinham sobre o mais a importância que eu lhes dera. Chegado à realidade, muita coisa erguia a voz por sobre mim e me esquecia.
- Muita coisa aconteceu e me foi modificando certamente, mas não é fácil saber o quê.

sexta-feira, agosto 05, 2005

Sabedorias

O amor é apenas uma questão de oportunidade.
De nada vale encontrar a pessoa certa antes ou depois da altura certa.»
In 2046 de Wong Kar Wai


Temos que ter cuidado ao ler livros de saúde.
Podemos morrer de um erro tipográfico.
Mark Twain

Se mulher fosse coisa boa Deus tinha uma,
e se fosse de confiança odiabo não tinha cornos...
um incomodado qualquer
Mais vale chegar atrasado neste mundo...
do que adiantado no outro.