quinta-feira, dezembro 30, 2004

Um Ano! Obrigada!

Pois é! Quase num piscar de olhos, volveu-se um ano de escrita na blogosfera. Tem sido uma experiência engraçada e motivante, para mim que sempre gostei destas coisas da escrita, mas que nunca tinha ousado mostrar nada a alguém. Sempre tive uma espécie de diário, onde escrevia as mais variadas coisas, muito semelhante ao blog. Mas expor esses escritos a outros, mais ou menos conhecidos, foi uma experiência nova. E tem sido compensadora. Especialmente quando notamos que alguém se dá ao trabalho de nos visitar regularmente e, mais ainda, comentar. Quer dizer que o que dizemos não é nem totalmente errado nem inócuo. A todos esses visitantes eu agradeço a atenção dispensada e marco encontro durante os próximos meses e anos. Obrigada.

quarta-feira, dezembro 29, 2004

Um Natal que passou

Pois é, passou mais um Natal. Veio depressa e depressa se foi. Que pena já não ser criança para poder apreciar esta quadra na sua plenitude. Realmente, as crianças são quem mais aproveita esta época. Porque será que nós, adultos, vamos sendo abandonados pela sua magia? Serão talvez as responsabilidades que vão surgindo e que nos afastam.
Para mim, este Natal passou muito rápido. Talvez por a família se ter reunido este ano lá em casa, o que, claro, me obrigou a um esforço redobrado de preparação e organização. Seja como for, correu tudo bem. Os miúdos andaram todos eufóricos, como é natural, e a abertura das prendas foi uma autêntica balbúrdia. Confusões como “quem dá o quê a quem” e um diabinho de quase quatro anos que resolveu que tinha de abrir as prendas de toda a gente. Como se vê, o habitual. Até tive direito a surpresas. Não é que os meus irmãos este ano me deram umas prendas catitas! Daquelas que eu gosto, sem sequer recorrerem a inquérito anterior.
O que ainda mereceu umas boas gargalhadas foi vermos os três juntinhos no sofá um bocado do “Homem-Aranha”. Uma das nossas private jokes, correspondente ao “vai ver se estou na esquina”, era o “vê lá se está a dar o “Homem-Aranha a cores no segundo canal?”. Sim, porque nós ainda somos do tempo em não havia outros canais e durante muitos anos só tivemos uma televisão a preto e branco, que nem sequer apanhava o segundo canal.

Be Aware

Doctor Unheimlich has diagnosed me with
Dinai's Disease
Cause:mosquito bite
Symptoms:mildly excess mucus, revolving neck, tunnel vision, heartburn
Cure:paint a black cross on your front door and wait
Enter your name, for your own diagnosis:

quinta-feira, dezembro 23, 2004

Ar



Your Element Is Air


You dislike conflict, and you've been able to rise above the angst of the world.
And when things don't go your way, you know they'll blow over quickly.
Easygoing, you tend to find joy from the simple things in life.
You roll with the punches, and as a result, your life is light and cheerful.
You find it easy to adapt to most situations, and you're an open person.
With you, what you see is what you get... and people love that!

Sabedoria

Metade dos nossos erros na vida nascem do facto de sentirmos quando devíamos pensar e pensarmos quando devíamos sentir.
J. Collins

Quando apontares com um dedo, lembra-te de que outros três dedos teus apontam para ti.
Provérbio inglês

Jamais desesperes, mesmo perante as mais sombrias aflições de sua vida, pois das nuvens mais negras cai água límpida e fecunda.
Provérbio chinês
O medo do perigo é mil vezes pior do que o perigo real.
D. Defoe

A melhor maneira de prever o futuro é inventá-lo.

A Residência Espanhola


A faculdade é um dos períodos da nossa vida onde mais aprendemos e não apenas catedraticamente. É um período de dupla aprendizagem, sendo o crescimento pessoal o mais significativo. Damos os nossos primeiros passos na vida adulta, com algumas escorregadelas pelo caminho, mas erguemo-nos e seguimos em frente.
Em “A Residência Espanhola” conhecemos um variados grupo de estudantes que durante um ano se encontram em Barcelona no âmbito do programa Erasmus. Oriundos dos mais variados países europeus, eles vão partilhar experiências, amizades, frustrações, angústias e esperanças, ou seja, conjuntamente vão aprender a ser felizes.
E como diz o slogan do filme “onde um ano pode mudar uma vida inteira.”

quarta-feira, dezembro 22, 2004

Orfeu Rebelde, Torga

Deixo-vos algumas passagens de poemas deste livro em que me revejo, como que decalcada a papel químico.

Chegou a minhas vez, e não hesito:
Quero ao menos falhar em tom agudo.
Cada som como um grito
Que no seu desespero diga tudo.

...
O destino destina,
Mas o resto é comigo.
...
E o que sou por detrás do que pareço!
Que seguida traição desde o começo.
Em cada gesto,
Em cada grito,
Em cada verso!
Sincero sempre, mas obstinado
Numa sinceridade
Que vende ao mesmo preço
O direito e o avesso
Da verdade.
...
é o meu avesso que me desafia.
...
assim me desespero e me consumo,
e cumpro este destino tumular
de não sair de mim, por mais que faça.
...
versos, gritos, protestos…
encho o melhor que posso
cada hora que passa.
...
desço dentro de mim, olho a paisagem,
analiso o que sou, penso o que vejo,
e sempre o mesmo trágico desejo
de dar outra expressão ao que foi dito!
Sempre a mesma vontade de gritar,
Embora de antemão a duvidar
Da exactidão e força desse grito.
...
e os restantes humanos,
há infinitos anos
que apenas tecem
a teia da rotina,
como o instinto os ensina.
...
ter confiança é deslaçar metade
do nó do tempo que o destino aperta.
...
é por dentro que eu gosto que aconteça
A minha vida.
Íntima, profunda, como um sentimento
De que se tem pudor.
...
que o agressor é sempre o agredido,
quando agride a cantar.
...
Mas só quero a fortuna
De me encontrar.

As Horas


Virgínia Woolf é uma das mais emblemáticas escritoras do modernismo e um exemplo de excelência na utilização da técnica narrativa denominada “stream of counscience”, em português “corrente de consciência”. O objectivo desta técnica é acompanhar através da escrita a complexidade e inconstância do pensamento humano.
Mrs. Dalloway é o livro que serve de cenário psicológico a este filme, onde se entrecruzam três histórias aparentemente estanques: a história de Woolf enquanto escreve o romance, uma dona de casa grávida da classe média da década de 40 e uma moderna editora, que encarna a própria Mrs. Dalloway. O que é que as três têm em comum? Todas se encontram encurraladas por uma profunda angústia e falta de sentido para a vida. E assim, de história em história, passo a passo se desenrola a corrente do filme que nos dá três perspectivas femininas sobre a vida e sobre a sua opressão.
É um filme extremamente poético e sensível, com óptimas interpretações e um argumento inteligente e subtil, com algumas surpresas.
E " Sempre o tempo, sempre o amor , sempre as horas ..."

terça-feira, dezembro 21, 2004

Seu Arcano Pessoal é:

3 - A IMPERATRIZ

Palavras-Chave: Beleza e Criação

Acontecimento importante a nível psicológico aos 3 anos de idade; A malta era jovem e não se lembra.
Percebe a mãe como símbolo de alegria e liberdade; Sim.
Espontaneidade; Sim.
Idealismo; Sim.
Sentido estético apurado; Sim.
O Amor é a base de tudo; Acredito que sim.
Capacidade de gerar muitos projectos e ideias; Idiotar é comigo.
Para a mulher: a gravidez é algo fundamental; Um sonho ainda por realizar.
Embevecimento; Sim.
Cuidado com o narcisismo; OK.
Gosto acentuado pela Natureza; sim.
Sentidos apurados: gosta de tocar e sentir o cheiro das coisas; Sim. Não há nada como o cheiro a terra molhada para me deixar bem com a vida.
Caprichos; Alguns.
Vença seus ciúmes; Não devo pecar muito por aí.
Gosta de decorar ou embelezar o ambiente; sim.
Força emocional; Esforçamo-nos.
Romantismo; Também.
Alegria de viver; Sim.
Feminista; Gosto de ser mulher.
Quer se impor socialmente; Impor não, mas gosto de socializar.
Simpatia; Dizem que sim.
Natureza agradável e festiva; Por vezes, o palhaço da festa.
Sensualidade; Hummmm, isso agora…
Atracção por cores alegres e artigos finos ou de alta qualidade; Sim.
Natureza envolvente; Terão de perguntar a outros.
Aprecia namorar e viver momentos afectivos intensamente; Quem não gosta?
Fertilidade; Eh lá. E para quando?
Cuidado com a infidelidade; Dou cabo do gajo.
Aprecia estar à frente dos projectos; Sim.
Vença a inconstância; Estou a fazer por isso.
Atenção à volubilidade; OK.
Progressos materiais; Fixe. Não tenho razões de queixa.
Muitos gastos pessoais; Realmente já tive melhores dias nesse campo.
Indulgência; De quem?
Perigo: não espere que o que quer venha sempre fácil demais; Já deu para perceber.
Libertação de conceitos; Sem grandes problemas.
Falta-lhe bom senso; Por acaso até não.
Regência sobre as gônadas, pele, garganta, glicose, vitaminas; Terei cuidado.
Superficialidade; Parece que sim. O signo diz o mesmo. E às vezes...
Pode atrair a competição de pessoas do mesmo sexo; Em quê?
Riqueza interior; espero que sim.
Motivação pessoal; Algumas.
Evite as chantagens afectivas; OK.
Luta muito pelos seus sonhos; não tanto como devia.
Sedução; Gosto do jogo.
Exigente nas relações; Sim.
Atrai os outros para si; Atrair? Não sei. Mas creio que sou uma companhia agradável.
Expressão corporal; Se for a dançar.
Vitalidade e actividade: Sou um bocado sedentária.

Quem sabe, sabe...


Your Dominant Intelligence is

Linguistic Intelligence



You are excellent with words and language. You explain yourself well.
An elegant speaker, you can converse well with anyone on the fly.
You are also good at remembering information and convicing someone of your point of view.
A master of creative phrasing and unique words, you enjoy expanding your vocabulary.

You would make a fantastic poet, journalist, writer, teacher, lawyer, politician, or translator.

sábado, dezembro 18, 2004

Gente que lê

É uma gente estranha. Essa que percorre com os dedos as linhas de outras vidas. Alimentando-se de outras seivas. Vampiros. Egoístas. Guardam em si segredos. Esqueletos nos armários. Corpos no deserto. Relíquias macabras. Saem do mundo. Entram noutros mundos. Distantes, longínquos. Íntimos, peculiares. Que tipo de gente é essa? Criaturas inadaptadas. Rebeldes incógnitos em oposição solitária. É uma gente rara. Surge no meio do nada e desenvolve-se subtil e vagarosamente. Mesmo em lugares inóspitos. É uma gente estranha.

Mulheres: as eternas insatisfeitas

No outro dia, já não me lembro exactamente onde, talvez num desses mails em cadeia, li algures que somos eternas insatisfeitas. Pus-me a pensar nos actos de amigas e principalmente nos meus e realmente não há outra conclusão. Sim, nós somos insatisfeitas. Ou, melhor dizendo, porque não posso falar por outros, sim, eu sou insatisfeita.
E nem eu mesma sei porquê. Até acho que não tenho razões para tal, no entanto, é a mais pura das verdades. E a culpa não é de mais ninguém, apenas idealizo demasiado certas coisas e é claro que a realidade não foi concebida para me agradar, logo, me sinto insatisfeita.
Por isso, neste momento encontro-me em fase de reflexão sobre as minhas atitudes e objectivos. Quem sabe encontro algumas respostas.

sexta-feira, dezembro 17, 2004

Espírito Natalicio


You Were Nice This Year!



You're an uber-perfect person who is on the top of Santa's list.
You probably didn't even *think* any naughty thoughts this year.
Unless you're a Mormon, you've probably been a little too good.
Is that extra candy cane worth being a sweetheart for 365 days straight?

Were You Naughty or Nice This Year?


Your Christmas is Most Like: A Very Brady Christmas





For you, it's all about sharing times with family.
Even if you all get a bit cheesy at times.


What Movie Is Your Christmas Most Like?

quarta-feira, dezembro 15, 2004

Fantasia real

Desejo o toque que nunca me deste
Num vazio jamais satisfeito.
Vejo promessas jamais proferidas
Nas pequenas palavras sopradas.
Adivinhas nos meus silêncios
Ou nas minhas palavras tontas
O desejo de te ver, de te tocar
Vês nas minhas incertezas
O medo da ilusão
Porque não me queres como queres outras
Porque será que cada palavra tua
É uma migalha com que não me contento
É uma fantasia e tu és real
Não és inalcançável
Mas nunca estás perto
Sempre em fuga
Pela mais pequena fresta
Duvido que alguma vez queiras ficar
És a minha fantasia real
Mas tão pouco possível
Como qualquer celulóide.

Tentar não custa, não é?

Então é assim, este Natal, de presente, quero que seja…

1001 Filmes Para Ver Antes de Morrer, Steven Jay Schneider
O Grande Sonho do Paraíso, Sam Shepard
Breve História de Quase Tudo, Bill Bryson
As 1000 casas do Sonho e Do Terror, Aliq Kahimi
Persépolis, Marjane Satrapi

Songs About Jane, Maroon 5
Beyond The Sea, OST
Bilhete para Ópera do Malandro
U2 ao vivo

Telemóvel

sexta-feira, dezembro 10, 2004

Os versos que te fiz, F. Espanca

Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem pra te dizer!
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim pra te oferecer.

Têm dolência de veludos caros,
São como sedas pálidas a arder...
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos pra te endoidecer!

Mas, meu Amor, eu não tos digo ainda...
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz!

Amo-te tanto! E nunca te beijei...
E nesse beijo, Amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz!

quinta-feira, dezembro 09, 2004

Eu, complicada? Não, que ideia...





You Are the Stuffing




You're complicated and complex, yet all your pieces fit together.
People miss you if you're gone - but they're not sure why.


Aquele Inverno, Delfins

Há sempre um piano
um piano selvagem
que nos gela o coração
e nos trás a imagem
daquele inverno
naquele inferno

Há sempre a lembrança
de um olhar a sangrar
de um soldado perdido
em terras do Ultramar
por obrigação
aquela missão

Combater na selva sem saber porquê
e sentir o inferno a matar alguém
e quem regressou
guarda sensação
que lutou numa guerra sem razão...

Há sempre a palavra
a palavra 'nação'
os chefes trazem e usam
pra esconder a razão
da sua vontade
aquela verdade

E para eles aquele inverno
será sempre o mesmo inferno
que ninguém poderá esquecer
ter que matar ou morrer
ao sabor do vento
naquele tormento

Perguntei ao céu: será sempre assim?
poderá o inverno nunca ter um fim?
não sei responder
só talvez lembrar
o que alguém que voltou a veio contar...
recordar...recordar...

sábado, dezembro 04, 2004

A Fuga

Há muito que as minhas mãos não tecem linhas nestas páginas. Há muito que me tento esconder numa falsa ocupação, numa falsa solicitação. Fujo de mim, das minhas contradições. Mas chegou o momento – chega sempre o momento – de uma vez mais as enfrentar, de admitir que sempre lá estiveram e que tudo o mais não foi senão uma fuga.
A fuga. Cada vez a aperfeiçoo mais. Esquivo-me de todos, dizendo-me noutro lado. Crio a imagem de que há algo mais, fomento uma certa inacessibilidade, estimulo uma aúrea inexistente. Será que alguém realmente acredita?
Entretanto, entre tantos tantos, continuo a fugir.

Semana Cultural

Cá estou, depois de uma semana um tanto ou quanto agitada e culturalmente bastante diversificada. É verdade, esta semana foi muito prolífera em acontecimentos culturais.
O ciclo começou na passada quarta-feira, 24, com o concerto no Pavilhão Atlântico da Anastacia. Como a grande maioria dos concertos de produção americana, este não deixou nada ao acaso e não há nada a apontar. Apesar de não ser uma das minhas cantoras favoritas, a mulher tem realmente um vozeirão de fazer inveja a muita gente. Foram duas horas de concerto que se passaram muito bem.
Depois, na quinta-feira, fui ver o mais recente espectáculo dos Tapafuros, o Liberdade, Liberdade! Com um texto original de Filomena Oliveira e Miguel Real, este espectáculo tem como pano de fundo a ditadura salazarista e a busca de liberdade. O texto, muito bem estruturado, alterna momentos dramáticos e cómicos, sendo estes últimos sobretudo de caricatura ao regime e à sua figura central, Salazar. Aliás, esta é sem dúvida uma das mais bem conseguidas personagens, quer a nível de construção, quer a nível de composição e interpretação, bem como a da sua eterna governanta. O cenário é igualmente digno de nota, de uma extrema simplicidade, consegue transportar-nos para o ambiente austero das prisões.
E a semana cultural incluiu ainda uma ida ao circo Victor Hugo Cardinalli, com tudo o que o circo tem de divertido.

sexta-feira, novembro 26, 2004

Aviso à Circulação

JOÃO MANUEL VIEIRA
30-11-04
Terça-Feira
22h30
Paradise Garage
10 Euro (c/ 1 bebida)
Concerto de 20 anos para gravação de DVD


You Are the Enthusiast
7

You are outgoing and playful - always seeing the happy side to life.
You're enthusiastic and excitable. You love anything new.
Multi-talented, you do many things well... and find success easy.
You prefer to keep things light with others. Opening up is hard for you.



Marjane Satrapi

“…, quando se vive em democracia, as pessoas imaginam que, para mudar um regime, basta que o povo assim queira…”
“… escrever era a única maneira de falar sem ser interrompido. Decidi, então, escrever de uma vez por todas a minha história para não ter nunca que voltar a explicar.”
“Não são as culturas que são diferentes, são os costumes, a História, a linguagem é uma forma de nos apercebermos disso.”
“Temos que fazer um esforço para fazer a triagem do que é partilhável do que não é.”
“Não se pode ignorar a política porque cada decisão altera definitivamente a nossa vida.”
“O mundo divide-se entre os que têm medo e os que não têm medo. Quem não tem medo vai para a frente, abre-se aos outros; quem tem medo fecha-se em casa, não vê nada. Nada é mais perigoso do que alguém que tem medo.”
“… é evidente que eu sou eu, mas sou também o fruto dessa história.”
“Vive-se num estado de espírito em que não se pertence a sítio nenhum, o que não me desagrada, até me dá uma certa liberdade.”
“Bebe o vinho antes que te transformes na jarra que o contém.”
“antes, as pessoas tinham direito a ser pobres e dignas. Hoje, quando se é pobre, tiram-nos o direito à dignidade. Há uma exigência de ser rico… de ser novo, de ser belo. É preciso ser tudo.”
“acho indecente, desonesto que seja necessário que morram homens da superpotência para que o mundo faça três minutos de silêncio.”
“Temos sempre de passar pelo sangue para que as pessoas tomem consciência.”
“As pessoas pensam que a democracia é um dado adquirido, ora a democracia é frágil e está fragilizada por estas politicas “securitárias” que se fazem em nome da luta contra o terrorismo.”
“é preciso estar-se muito vigilante, é preciso votar e não esquecer que é possível combater estas derrapagens.”
“O que é um estilo? Um estilo é tudo o que não funciona. O que funciona é o que todos temos em comum, o que todos sabemos fazer. Um estilo é tomar em consideração tudo o que não dominamos e, do que não dominamos, fazer qualquer coisa.”
“são as subtilezas que fazem a diferença.”
“Acredito que há uma frase certa que deve ser encontrada. É por isso que, quando escrevo, reescrevo milhares de vezes, até encontrar a frase que me parece ser a certa na sua simplicidade.”
“Bebe porque a noite é breve, bebe porque não sabes de onde vens, festeja porque não sabes para onde vais.”

Entrevista in Ler #63

Para Rir

THE END IS NIGH (DVD) 3-4 weeks diz:
vou só tomar banho
Heidi On the Rocks (www.dinai.blogspot.com) diz:
badalhoco
THE END IS NIGH (DVD) 3-4 weeks diz:
já volto
THE END IS NIGH (DVD) 3-4 weeks diz:
antes de sexo oral convem
THE END IS NIGH (DVD) 3-4 weeks diz:
entenda-se por sexo oral falar de sexo
Heidi On the Rocks (www.dinai.blogspot.com) diz:
lolololol
THE END IS NIGH (DVD) 3-4 weeks diz:
porque afinal um exame oral não é lamber nem chupar um teste, mas sim falar
Heidi On the Rocks (www.dinai.blogspot.com) diz:
lolololol
THE END IS NIGH (DVD) 3-4 weeks diz:
diz-se que uma pessoa tem uma boa higiene oral quando não dá erros de linguagem

quarta-feira, novembro 24, 2004

Oculto no silêncio

Oculto no silêncio
o desejo ardente
que nem o olhar revela.
apenas o inexperiente palpitar
do meu coração
assim o desmente.

terça-feira, novembro 23, 2004

Amnésia

Espero no momento
A vida esquecida de outrora
Do brilho das luzes
Da euforia do álcool
Do calor dos corpos
Dos desejos cruzados
Do não haver amanhã
Que me persiga ou amedronte
Das ressacas curtidas
Ao sol ofuscante da tarde
Espero relembrar onde foram
Esses momentos perdidos
E talvez descobrir o acontecido.

Junto a ti, longe de ti

Junto a ti, longe de ti
Conheço e desconheço
O que me faz olhar
E descobrir em ti
O que de mim nos liga

sábado, novembro 20, 2004

Wishlist, P. Jam

Wishlist
I wish I was a neutron bomb, for once I could go off,
I wish I was a sacrifice but somehow still lived on,
I wish I was a sentimental ornament you hung on,
The Christmas tree, I wish I was the star that went on top,
I wish I was the evidence, I wish I was the ground,
For 50 million hands up raised and open toward the sky.

I wish I was a sailor with someone who waited for me,
I wish I was as fortunate, as fortunate as me,
I wish I was a messenger and all the news was good,
I wish I was the full moon shining off a Camaro's hood.

I wish I was an alien at home behind the sun,
I wish I was the souvenir you kept your house key on,
I wish I was the pedal brake that you depended on,
I wish I was the verb 'to trust' and never let you down.

I wish I was a radio song, the one that you turned up,
I wish, I wish, I wish, I wish and I guess it carries on.

sexta-feira, novembro 19, 2004

CSI

Esta é a única série que actualmente sigo nas televisões nacionais tradicionais e que me desperta o interesse de voltar a ver o próximo episódio. Vejo porque a medicina e a investigação forense são áreas que me intrigam, o que consequentemente de certa forma me seduzem. E depois os aspectos de importância do mínimo pormenor e dedução lógica são igualmente cativantes.
Muito se tem escrito sobre a série, uma das vertentes normalmente referidas é a profundidade das personagens, mas sinceramente não concordo muito. A informação sobre o back ground das personagens é mínima e a edição bastante rápida e dinâmica não favorecem essa ideia.
O bom do CSI é exactamente o acompanhamento dos casos e o raciocínio a eles inerentes aliados a uma vertente científica. Aliás, esta série é uma espécie de Mega Ciência para mais crescidos. Outro ponto de vista positivo é que vamos ficando com umas luzes de como não cometer certos crimes.

Branca de Neve?

Pois é, há pouco tempo fiz vários testes destes que se encontram na blogosfera e segundo dois deles eu tenho personalidade de Branca de Neve. Querem lá ver?
I am Princess Snow White!

Which Disney Princess Would You Be?


I am Snow White

Which Fables character are you?


quarta-feira, novembro 17, 2004

De intimidade


Li algures numa revista uma constatação, que passe o pleonasmo, já tinha constatado há muito tempo. Para a maioria das pessoas a noção de intimidade tem única e exclusivamente uma vertente sexual. Ou seja, para essas pessoas ser íntimo de alguém é somente ter relações sexuais com essa pessoa.
Já eu e uma minoria não nos revemos neste noção demasiado reduzida da palavra. Ter intimidade com alguém é ter a confiança e o à vontade para confidenciar os nossos pensamentos, os nossos desejos, os nossos complexos e fraquezas com alguém que sabemos que nos vai ouvir. Alguém que nos poderá ou não aconselhar, mas que sobretudo não irá emitir juízos de opinião levianamente. E estabelecer esta relação e nível de intimidade é sim um desafio e uma das mais gratificantes aventuras de conhecimento humano. É ao desenvolver esta intimidade que crescemos.
Por isso há tantas relações que não vingam. As pessoas preocupam-se mais em ter uma intimidade física do que em estabelecer relações de verdadeira intimidade. Já ninguém tem amigos íntimos (que até são platónicos), tem amigos coloridos.
E já tentaram fazer alguém compreender esta grande subtileza? Às vezes é muito complicado. Mas ainda bem que não sou a única a pensar deste modo.

Louras à Força

Louras à Força é mais uma demonstração do potencial dos irmãos Wayans como comediantes de pois de filmes como Scary Movie e O quinteto da Morte. Neste filme temos dois desastrados agentes do FBI que se vêem obrigados a proteger duas jovens e louras herdeiras de uma ameaça de rapto. E qual a melhor maneira de as proteger, do que se fazerem passar por elas, com todas as situações hilárias e equívocos que isso possa provocar. Temos assim um filme despretensioso e divertido, recomendado para uma sexta à noite ou simplesmente para uma reunião de amigos.

Ainda não vi, mas...




Você é "E sua mãe também" de Alfonso Cuaron. Você é imaturo e despretencioso. Mas consegue se divertir e como!!
Faça você também Que bom filme é você? Uma criação deO Mundo Insano da Abyssinia


terça-feira, novembro 16, 2004

20 Anos Live Aid15 Anos The Wall


A semana passada relembraram-se dois dos mais memoráveis concertos musicais da história: o Live Aid (há 20 anos) e o The Wall (após a queda do muro de Berlim, há 15 anos). É claro que não estive presente em nenhum deles, mas fui uma dos milhões de pessoas que por todo o mundo assistiu às suas transmissões na televisão. Foram dois concertos que marcaram uma geração, ou talvez mais, mas creio que pelo menos a geração que agora está entre os trintas e quarentas os relembra e revê com certa nostalgia.
Quando Live Aid foi transmitido era ainda uma criança, mas recordo-me perfeitamente dos meus irmãos (dez e oito anos mais velhos que eu) ficarem presos em frente à tv. De imagens concretas, lembro-me do extravagante fato do Bob Geldof.
Já do The Wall Live in Berlin tenho uma memória bem mais presente. Lembro-me de achar tudo aquilo avassalador e extraordinário. O que me levou a visitar recorrentemente a minha gravação VHS do concerto. Sim, ainda sou do tempo do VHS…
A verdade é que tudo isto me lembrou todos aqueles e-mails que recebemos ocasionalmente sobre tudo o que os jovens que agora têm 18 anos perderam. A verdade é que eles podem ter os Rock in Rio, mas nós temos outras memórias e eu sinceramente não as troco.

Cats

Pois é! Eu fui umas das pessoas a estar na plateia a aplaudir este grande musical. Depois de julgar que não tinha bilhetes, houve alguém que me surpreendeu e muito bem. Então lá fui eu ver os mais famosos gatos do mundo. Julgo eu!
Apesar de conhecer as canções e a história de outras audições, não deixa de ser mágico ver the real thing ao vivo.
Mas mais do que as minhas palavras deixo-vos uma das mais belas canções de musicais…

Midnight, not a sound from the pavement
Has the moon lost her memory?
She is smiling alone
In the lamplight, the withered leaves collect at my feet
And the wind begins to moan

Memory, All alone in the moonlight
I can smile at the old days
I was beautiful then
I remember the time I knew what happiness was
Let the memory live again

Every streetlamp seems to beat
A fatalistic warning
Someone mutters and the street lamp gutters
And soon
It will be morning

Daylight
I must wait for the sunrise
I must think of a new life
And I mustn't give in.
When the dawn comes, tonight will be a memory too
And a new day will begin

Burnt out ends of smoky days
The stale cold smell of morning
The streetlamp dies, another night is over
Another day is dawning...

Optional verse:
Sunlight through the trees in summer,
endless masquerading...
Like a flower, as the day is breaking,
The memory is fading...

Touch me,
It's so easy to leave me
All alone with my memory
Of my days in the sun...
If you touch me, you'll understand what happiness is
Look, a new day has begun.

Bigada Little Pear Tree


Lambe-Me


discover what candy you are @ quiz me

Finjo não saber

Finjo não saber o vazio que me roi a alma
Escondo-me nas noites inconsequentes
No álcool libertador de qualquer pensamento
Na ressaca que me impede de pensar
Passo de hora em hora na ilusão
De que algo me preenche
Mas só eu preencho um espaço
Um ponto minúsculo, infímo
Impossível de conter um traço que seja
Um traço de criatividade
Uma curva de dúvida
Um acento de certeza
Impeço-me de parar
Porque inevitavelmente
Percebo o nada que sou
E não consigo fugir
À opressão do vazio.

sexta-feira, novembro 12, 2004

Mas porque é que haveria de ler?

Toda a gente que me conhece sabe, ou acaba por saber, que gosto muito de ler e leio com alguma frequência. Então, digamos que a pergunta de teor literário mais frequente nos últimos tempos tem sido qualquer coisa do género: já leste o Código Da Vinci? E quando eu respondo não, as pessoas ficam espantadas. Aliás, a indagação posterior costuma ser: mas gostas tanto de ler e ainda não leste este, dizem que é muito bom.
Há que esclarecer umas coisas: já não ando na escola, logo não tenho leituras obrigatórias; o meu trabalho não implica a leitura de qualquer obra literária; e, por último mas não menos importante, o facto de um livro ser um grande sucesso editorial não me obriga em nada a lê-lo.
Gosto de ver que as pessoas estão a aderir ao livro, porque acho a leitura um exercício bastante importante. E é melhor que leiam o Código Da Vinci do que jornais sensacionalistas e revistas cor-de-rosa. Pelas críticas e comentários que já li, o livro parece ser bastante apelativo e apresenta uma boa técnica de suspense, que aliada à temática abordada são realmente os ingredientes para um grande sucesso.
Relativamente à celeuma que envolve a sua temática (uma desconstrução de certas ideias que serviram de pilar à igreja católica e aos seus dogmas) não é o que mais me apela, porque não é a primeira vez que eu leio ou vejo qualquer filme ou documentário sobre o assunto. Ou seja, o livro poder-me-á dar novas perspectivas mas o tema em si não é novo.
Quanto ao facto de que toda a gente o lê não implica que eu também o faça. Uma das coisas que mais me dá prazer é chegar às minhas prateleiras ou a uma livraria e pegar num livro que me seduza naquele momento. Seja porque gosto do autor, seja porque a história me parece interessante. É um daqueles prazeres e direitos dos quais não abdico: seguir a minha intuição e ler aquilo que em principio me vai dar algo de novo. Por isso, prefiro continuar a seguir o meu solitário e egoísta caminho de enriquecimento e prazer pessoal.
Já lá dizia o poeta: não sei por onde vou, mas sei que não vou por aí.

Erramos

Erramos
De lugar em lugar
De momento em momento
De pessoa em pessoa.
Vagamos os lugares
Escoamos os momentos
Passamos as pessoas
Tudo fugaz
Inconstante, impreciso
Sem sabermos nunca
Um destino coerente
Um porto seguro
Perdidos
No Inverno gélido
Protegidos pelo sintético
Que não aquece a alma
Nem o coração.

quinta-feira, novembro 11, 2004

Crentes no regresso dos segundos

Os segundos que tardam em passar
São perdidos na ignorância.
Voltam jamais e nada fizeram
É ilusão o relógio na parede
Na sua marcha repetitiva
Faz-nos crer
Que o tempo vai e volta
Mas o seu monótono percurso
É ludibriado a cada momento
Os números repetem-se
Mas nunca os segundos
Mal espreitam, mal fogem
E não retornam
Nunca
Ao ponto de partida
E enganados vamos
Crentes no regresso
Dos segundos perdidos
Como que por magia
Quando o momento por fim surge
Quando o tempo é necessário
Por gozo, crueldade mesmo
Insiste em partir
Mais rápido ainda
Do que já partido tinha.

terça-feira, novembro 09, 2004

Ó Pra Mim



Friends Quiz


YOU’RE CHANDLER MURIEL BING – Bing! You’re the entertainer among your friends, and they always look to you when they need some laughs to cheer them up. Although some might see you as a little too soft, that’s just because you love and trust your friends so much. You’re not that much of a wild, party person, and really all that’s required to make you happy is a good pal who’ll listen to you. You love making jokes, and although no one laughs at them sometimes, your friends know they can rely on you for some icebreakers here and there. You’re loyal, you’re compassionate, you’re our Chan-Chan person, and even though they might not show it, your friends love you for all those things!

Who Wants to Live Forever, Queen

There's no time for us
There's no place for us
What is this thing that builds our dreams
yet slips away from us

Who wants to live forever
Who wants to live forever....?

There's no chance for us
It's all decided for us
This world has only one sweet moment set aside for us

Who wants to live forever
Who wants to live forever?

Who dares to love forever?
When love must die
But touch my tears with your lips
Touch my world with your fingertips
And we can have forever
And we can love forever
Forever is our today

Who wants to live forever
Who wants to live forever?

Forever is our today
Who waits forever anyway?

sábado, novembro 06, 2004

Vais…?

Vais sacrificar o quê?
Vais ceder em quê?
Vais doar o que?
Vais permitir-te receber o quê?
Vais deixar cair que defesas?
Vais ouvir o quê?
Vais partilhar que momentos?
Vais contar que histórias?
Vais abrir o coração?
Vais Sarar que feridas?
Vais permitir-te amar?
Vais deixar-te fluir?
Vais aonde?
Queres chegar onde?

Don´t Dream is Over, C. House

There is freedom within, there is freedom without
Try to catch the deluge in a paper cup
There's a battle ahead, many battles are lost
But you'll never see the end of the road
While you're travelling with me

Hey now, hey now
Don't dream it's over
Hey now, hey now
When the world comes in
They come, they come
To build a wall between us
We know they won't win

Now I'm towing my car, there's a hole in the roof
My possessions are causing me suspicion but there's no proof
In the paper today tales of war and of waste
But you turn right over to the T.V. page

Hey now, hey now
Don't dream it's over
Hey now, hey now
When the world comes in
They come, they come
To build a wall between us
We know they won't win

Now I'm walking again to the beat of a drum
And I'm counting the steps to the door of your heart
Only shadows ahead barely clearing the roof
Get to know the feeling of liberation and release

Hey now, hey now
Don't dream it's over
Hey now, hey now
When the world comes in
They come, they come
To build a wall between us
Don't ever let them win

sexta-feira, novembro 05, 2004

Piratas das Caraíbas – A Maldição do Pérola Negra


Este é o regresso a um género que fez as minhas delícias na infância. Quantos Domingos à tarde não me deliciei a ver filmes de capa e espada na RTP1. Com o Errol Flynn, o Stewart Granger, e outros cujo nome nunca soube.
A verdade é que me diverti a ver este Piratas das Caraíbas. Tem algumas cenas de espada muito engraçadas, especialmente uma entre o J. Depp e o O. Bloom, interpretações jeitosas e uma história minimamente coerente e pontuada por bons momentos de acção. Gostei muito da personagem do J.Depp e só agora percebi o porquê da sua nomeação aos Óscares.
É um bom filme de Domingo à tarde.

Terminal de Aeroporto


Há quem considere que a nossa pátria é parte indistinta da nossa identidade. Ou seja, o facto de, por exemplo, ter nascido em Portugal imprimirá em mim uma qualquer marca indelével na minha personalidade e identidade.
Mas, e se, de repente, a minha pátria deixar de existir?
Deixarei eu também de existir?
Ou serei simplesmente eu, sem um dos rótulos que me podem ser associados?
No entanto, a nacionalidade é um dos rótulos sem o qual, nos dias de hoje, não podemos passar. Que o dia Viktor Navorski, a personagem interpretada por Tom Hanks, Oriundo de um pequeno pai do Leste europeu. Exactamente quando Viktor chega aos EUA, a sua pátria deixa de existir e todos os seus documentos se tornam inválidos. Sem qualquer tipo de documentação reconhecida por lei, e por isso impedido de entrar no país, bem como de sair, Viktor vê-se na contingência de viver no aeroporto durante vários meses. E é este período que vamos acompanhar. Como (sobre)viver num local de passagem?
Dificuldades à parte, desenvolvem-se amizades com direito a sacrifícios finais, há até tempo para um pequeno interlúdio amoroso, mas sobretudo podemo-nos aperceber do ridículo e das ironias que esta situação envolve.
É um filme que se vê muito bem, apesar de não ter gostado muito do final que achei bastante previsível. Gostei do genérico inicial a lembrar o Apanha-me Se Puderes, esse sim genial.

quinta-feira, novembro 04, 2004

Lembrança de um gesto familiar

Tento fixar
Neste gesto familiar
Da campainha a soar

A despedida, o adeus
Que disseste sem dizer
Uma única palavra.

O olhar perdido
no calor sentido
do café bebido

deixaste o dinheiro na mesa
no ar a certeza
de nenhuma fraqueza.

Viras as costas
Viras a página
Viras tudo do avesso

Lá fora vai
o frio que estremece
a chuva que cai.

Aqui eu estou
com o calor ao redor
E um vazio de dor.

A campainha a soar
E este gesto familiar
Que tento lembrar.

Estação das Chuvas, Agualusa


“Quando morreu estava já tão desprovida de existência que foi necessário vestir-lhe as suas roupas mais concretas, perfumar-lhe o corpo todo, pintar-lhe com cores aflitas o cabelo e as unhas das mãos e dos pés para que se tornasse credível que em tempos fora pertença deste mundo.”
“… um profeta, para ser autêntico, precisa apenas de se sentir autêntico.”
“Lídia aceitava o amor de Alberto com alegria mas sem alvoroço.”
“O muito pouco que restou dele morreu dez anos depois.”
“As mulheres assim é sempre de repente que acontecem.”
“aquele nome era uma cicatriz de infância.”
“Não é uma mulher, é um pressentimento.”
“Eu já não acreditava em nada, mas sabia que não tinha o direito de contaminar os outros com a minha descrença.”
“O amor torna as pessoas ridículas. O ódio é um sentimento mais respeitável.”
“Quando o dólar manda até a merda anda.”
“Julgo que foi em Março. É quando o calor coincide com a água e esse excesso de energia transtorna a natureza. As flores ardem de febre e os animais de cio. Os crimes aumentam nos subúrbios.”
“O difícil, depois, era despir à verdade o manto de fantasia.”
“O medo. O verdadeiro medo, deixa-nos exaustos.”
“O heroísmo é apenas uma forma de estupidez, talvez a mais perigosa.”
“Não sou racista, mas também não sou daltónico.”
“Acho que é necessária uma certa inocência para que a maldade se manifeste nas suas formas mais exuberantes. (…) os grandes torturadores são quase sempre homens que não tiveram infância e por isso a exercem mais tarde.(…) só os inocentes são culpados.”
“A poesia era um destino irreparável, naquela época…”
“Não suporto o silêncio das árvores.”
“O exílio é onde em nada nos reconhecemos, o exílio é o silêncio hostil das coisas.”
“O meu avô ensinou-me a ser céptica. Sobretudo, ensinou-me a desconfiar dos iluminados, daqueles que conhecem os destinos do mundo. Dizia-me: “As asas acontecem tanto aos anjos, como aos demónios, como às galinhas. Por precaução, o melhor é tratar a todos como galinhas.”
“já reparaste que os melhores escritores angolanos são brancos ou mestiços, os melhores escritores sul-africanos são bóeres, os melhores escritores do mundo são judeus?
Há urgência naquilo que eles escrevem. Eles sofrem, estão doentes. Escrevem porque precisam de saber quem são.”
“Mais prático do que morrer é nunca ter existido.”Já não sei quem fui, quem sou. Já não sei o quanto de mim é, não a vida, mas aquilo que da vida em algum livro eu.Lidia do Carmo Ferreira

quarta-feira, novembro 03, 2004

Last Kiss, P. Jam

Oh where, oh where, can my baby be?
The Lord took her away from me
She's gone to heaven, so I've got to be good
So I can see my baby when I leave this world

We were out on a date in my daddy's car
We hadn't driven very far
There in the road, straight ahead
A car was stalled, the engine was dead

I couldn't stop, so I swerved to the right
I'll never forget the sound that night
The screaming tires, the busting glass
The painful scream that I heard last

Oh where, oh where, can my baby be?
The Lord took her away from me
She's gone to heaven, so I've got to be good
So I can see my baby when I leave this world

When I woke up the rain was pouring down
There were people standing all around
Something warm flowing through my eyes
But somehow I found my baby that night

I lifted her head, she looked at me and said
"Hold me darling, just a little while"
I held her close, I kissed her, our last kiss
I found the love that I knew I had missed.

Well now she's gone
Even though I hold her tight
I lost my love, my life, that night.

Oh where, oh where, can my baby be?
The Lord took her away from me
She's gone to heaven, so I've got to be good
So I can see my baby when I leave this world

Não tenho segredos, sou um livro aberto

Não tenho segredos, sou um livro aberto
Apenas não te cedo o que sei de mim
Até porque, por vezes, apenas finjo saber
O que vai e o que não vai por dentro.
Não é uma questão de te guardar segredo
Apenas não sou receptiva a revelar-me
Por medo de não haver retorno
Uma vez dito, não há desdito
Por sentir que não me compreenderias.
Além de me contar
Teria de me explicar
E não sabes o esforço que isso implica.
Dizer é algo, justificar é diferente
É sentir que me invades
Naquilo que é verdadeiramente só meu
As minhas memórias e perspectivas
Que diferem das tuas
Mesmo que vividas simultaneamente
Tão diferentes que sinto por vezes
A necessidade de me explicar
Para que me compreendas
Mas revelar-me é tão complicado
E a aura do segredo
É bem mais simples e sedutora
Como um imã
E enquanto me escondo
Gravitas em meu redor
Atraído pela possibilidade
De saber o que não sei.

terça-feira, novembro 02, 2004

Eu sei que vou te amar, V. Moraes

Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida eu vou te amar
Em cada despedida eu vou te amar
Desesperadamente eu sei que vou te amar
E cada verso meu
Será pra te dizer
Que eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida

Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua vou chorar
Mas cada volta tua há-de apagar
O que esta ausência tua me custou
Eu sei que vou sofrer
A eterna desventura de viver
À espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida.

O Meu Nome

Vem dos termos germânicos “adal” (nobre) e “haidu” (qualidade). O conformismo passa-lhe ao lado e pauta a sua vida pela versatilidade e sociabilidade. Trata-se de uma pessoa bastante feminina, para quem o teatro e os jogos de sedução não têm segredos. Gosta de voos altos, mas volta à terra com a maior facilidade. Os seus pontos fortes assentam sobretudo na adaptabilidade, originalidade e facilidade de comunicação. Por outro lado, tem também um carácter volúvel, superficial e oportunista

sexta-feira, outubro 29, 2004

Erro Persistente

O erro persiste em surgir
Na figura de um homem negro
e olhar insidioso
Que te rasga o interior
E te espalha no chão
Em pedaços de dor lancinante.
Só muito tempo depois te ergues
E lentamente
Juntas os cacos
Da tua vida dilacerada.
Feridas curadas a custo
Lambidas no amâgo da solidão
De noite perdidas na escuridão.
Quando te recompões é só para cair de novo
E de novo e de novo
No mesmo negrume.
Quando procurarás a luz
Uma nova cor que não te tolde a visão
Que não oculte a perspectiva
Quando verás mais além, além do negro em frente.
Vê a cor além, o futuro que te espera.

Giulino Bekor
(imagem inserida a 07/01/2014)

Big Fish


Normalmente, as histórias de Tim Burton têm como protagonista alguém (homens, mulheres, crianças) inadaptado ou dotado de algum tipo de deformidade física que o impede de ser aceite pela sociedade e, mais dramático ainda, de serem muitas vezes amados pelos seus progenitores. Quem não se lembra de Eduardo Mãos de Tesoura, do primeiro Batman e o seu rejeitado Pinguim, entre outros. Aliás, no universo Burton ninguém é o que habitualmente designamos de “normal”. E esta “anormalidade” é sempre acompanhada pelo negro, pela sombra, por espectros (com talvez excepção da vivacidade cromática de Marte Ataca).
Pois bem, em Big Fish temos tudo isso, mas sob uma nova perspectiva. Uma perspectiva aparentemente mais light, mas na minha humilde opinião apenas mais esperançosa.
Big Fish conta-nos a história de um contador de histórias que devido a essa sua faceta foi repudiado pelo filho que nunca acreditou nas suas histórias de vida. Agora, com a morte do pai prestes a acontecer, o seu filho tenta reconstruir a verdade a partir da fantasia. Nessa viagem percebe que apesar de todos os seus exageros, o seu pai era realmente uma pessoa única e acarinhada por todos e cujo grande amor foi sempre a sua família. Apenas à beira da morte do pai, Will (que está igualmente prestes a ser pai) compreende a necessidade de fantasia e do despontar da mesma para dar sentido a uma vida e torna-la mais bonita e mágica.
Para mim, o que é engraçado observar é que este filme foi feito após Burton ter sido pai pela primeira. Parece que é uma tomada de consciência de que agora ele deixou de ser o filho desajustado e se tornou o pai desajustado. Resta agora ao futuro saber se será aceite ou não.
Não compartilho a opinião generalizada de que este é o menos “Burton” dos seus filmes. Tem lá todas as características dos outros, é é realmente menos negro. Mas sempre obrigatório ver.

quinta-feira, outubro 28, 2004

Como Seduzir Gémeos


Como um signo de Ar, regido pelo planeta Mercúrio, comporta-se como o metal que tem esse nome e, por isso, não vale a pena esforçar-se para o tentar prender.
Eloquentes, são capazes de ficar a falar durante horas, não para se exibir mas porque gostam de compartilhar as suas ideias e informações com as pessoas. Ficam fascinados pelas palavras e pelos mundos que elas trazem em si e adoram conversar. Mas não espere, a não ser que o tema seja muito interessante, que ele consiga ficar a conversar sobre o mesmo assunto durante muito tempo. Não se esqueça que o que ele mais gosta são novidades, e que são precisamente estas novidades que atraem a toda a sua atenção.
Não o obrigue a ficar parado por muito tempo no mesmo lugar a fazer a mesma coisa e muito menos o afogue em jogos emocionais complicados, porque isso vai deixá-lo completamente nervoso e poderá fazer com que o Geminiano desapareça sem deixar rastos.
Lúdicos e bem-humorados, têm muito sentido de humor e adoram rir; por isso, brinque com eles. Eles gostam muito mais do diálogo e do intelecto do que da aparência física.
Para conquistar um nativo de Gémeos, primeiro seduza-o com palavras, faça-o pensar, partilhe com ele actividades culturais, dê-lhe a conhecer lugares e pessoas interessantes e não lhe conte toda a sua vida sem mais nem menos. Depois, evite relatórios e jamais lhos peça, pois ele adora e preza a sua liberdade.
Para o convencer a ficar sossegado, mostre-lhe, por exemplo, alguma música que ele não conheça, mas uma música calma, caso contrário ele vai começar a dançar loucamente no meio da sala. Se está disposto a conquistar alguém do signo Gémeos e se procura alguém que esteja sempre ao seu lado, completamente dependente de si, que chegue sempre a horas, que cumpra o que estava programado, que diga várias vezes ao dia que o ama.... Desista. Mas se quer uma vida sem rotinas, abra as suas asas e permita-se voar...

American Pie


find your inner PIE @ stvlive.com

terça-feira, outubro 26, 2004

I Am Mine, P. Jam

The selfish, they’re all standing in line
Faithing and hoping to buy themselves time
Me, I figure as each breath goes by
I only own my mind

The north is to south what the clock is to time
There's east and there's west and there's everywhere life
I know I was born and I know that I'll die
The in between is mine
I am mine

And the feeling, it gets left behind
All the innocence lost at one time
Significant, behind the eyes
There's no need to hide,....
We're safe tonight

The ocean is full cause everyone's crying
The full moon is looking for friends at high tide
The sorrow grows bigger when the sorrow's denied
I only know my mind
I am mine

And the meaning, it gets left behind
All the innocents lost at one time
Significant, behind the eyes
There's no need to hide,....
We're safe tonight

And the feelings that get left behind
All the innocence broken with lies
Significance, between the lines
(We may need to hide)

And the meanings that get left behind
All the innocents lost at one time
We're all different behind the eyes
There's no need to hide

Nas noites em que tenho o teu corpo

Nas noites em que tenho o teu corpo
Em quartos anónimos
E esqueço o mundo lá fora
Nas noites indistintas
Em que outro eu
Te procura e aplaca o desejo
Nos quartos quentes sem ar
Em que os nossos sons se juntam
Aos de um qualquer programa de TV
Em que sim é a única palavra
E o gosto salgado da tua pele fica em mim
Com o cheiro de nós
E o teu peso impresso em mim.
Sentes tu também o mesmo gosto de mim
Quando sais para as luzes da noite
Sentes as minhas mãos
Percorrerem o teu corpo satisfeito
Quando entras no carro cansado
Antes de seguires o teu caminho.
Não me digas em que pensas
Quando pensas em mim
Fá-lo com voracidade
Arrebata-me em cada encontro
Para que apenas sinta
Uma vez mais o teu corpo em mim.

Andrew Bell
(imagem inserida 07/01/2015)

quinta-feira, outubro 14, 2004

Pouco a pouco no amor

Há uma batalha a travar
Entre tantas batalhas vencidas
Há uma dor no olhar
Entre tantas mágoas tecidas,
Pouco a pouco no amor.

Há uma lágrima que rola
Entre tantas lágrimas perdidas
Há um soluço que assola
Entre tantos medos sentidos,
Pouco a pouco no amor.

Há um adeus que se diz
Entre tantas despedidas
Há uma dor que fiz
Entre tantas feridas,
Pouco a pouco no amor.

Julião Sarmento
(imagem inserida a 7/01/2015)

A minha personagem





Que personagem do Seinfeld é você?
Trazido a você por Blog do Idiota


quarta-feira, outubro 13, 2004

Pergunto-me se será mais um beco sem saída, com o muro colocado por mim. Coloco sempre muros mesmo que desnecessários. Fujo sempre. Sempre com medo da rejeição e quem sabe talvez ainda mais da aceitação.
E quanto mais tempo passa, mais cresce em mim o medo.
Não sinto borboletas no estômago. Não. Comigo é sempre um nó bem apertado. De pânico.

Kurasov
(imagem inserida a 07/01/2015)

É altura de balancear.

(imagem inserida a 7/01/2015)
É altura de balancear.
Balancear as pontas soltas da minha vida.
Perceber se deste emaranhado se pode tecer uma teia.
Perceber se o fio ainda dá para mais uma volta.
Se há volta a dar.
Mais uma.
Uma que tenha sentido.


terça-feira, outubro 12, 2004

quinta-feira, outubro 07, 2004

Contos Apátridas, VVAA


Um Tradutor Em Paris, B. Atxaga
“Viver é percorrer o tempo, mas percorrê-lo como quem avança por um arame, hoje desequilibrando-se para um lado, amanhã para o outro, e assim ia vivendo eu, sem conhecer o equilíbrio, procurando fugir cada vez mais para me esquecer do vazio que me rodeava e chegar quanto antes, (…) pelo menos a um lugar mais seguro do que o arame: a uma escada, a uma varanda, no fim de uma corda presa em qualquer sítio.”
“soube, graças a ti, que a vida é uma complexa mistura de luzes e sombras, e que essa complexidade é magnifica.”

Nunca lá Estive, J. M. Fajardo “… havia de tudo para remediar as tristezas, o infortúnio ou essa insaciável sede da alma que nem o mais corrosivo dos licores jamais consegue mitigar.”
“Tinha lutado com uma força que nascia do desespero, essa espécie de força que torna brilhante a derrota e admirável o derrotado. Uma força que leva uma vida inteira a conquistar-se.”
“Os pés voltaram a conduzir-me aonde a minha cabeça ainda ignorava que queria ir.”

Tragédia do Homem que amava nos Aeroportos, S. Gambôa “às vezes as histórias tristes acontecem em lugares tristes, como estações de comboios ou em aeroportos. E então as pessoas apercebem-se e comentam-no, e todos dizem que na verdade os aeroportos e as estações de comboio são lugares tristíssimos, tão tristes que não dão vontade de viajar, pois ninguém gosta de mergulhar na tristeza, e muito menos por esses preços.”
“Só se chora se antes se foi feliz. Atrás de cada lágrima esconde-se algo inesquecível.” Graham Greene
“… com o tempo, fui-me apercebendo de que os lugares onde vivemos são impermeáveis aos sonhos, e que não há nada mais disparatado do que a rua e o número onde recebemos o correio, o quarto onde nos levantamos todos os dias e o espelho quotidiano da casa de banho, o mesmo que nos devolve essa cara fatigada que já não nos convence, que nos faz pena e que, desgraçadamente, é a única que jamais nos atraiçoa.”
“Â felicidade está sempre na viagem que se segue. Ou melhor: nesse belo país aonde nunca fomos.”

Antiga Morada, A. Sarabia “É curioso como as velhas casas falam a quem se propõe ouvi-las.”
“Esta confissão alimenta-se mais de sombras do que de luzes, mais de não sei o quê, do que aquilo que compreendo perfeitamente, é natural. O que se conhece não é mais do que um insignificante fragmento da realidade. O desconhecido envolve tudo, tudo é tocado por ele, dá forma e sentido para que os olhos vejam, as mãos toquem, os ouvidos ouçam.”
“Terá sido notada alguma vibração apenas perceptível nessa subtil teia de aranha que envolve os vivos com os mortos?”

O Anjo Vingador, L. Sepúlveda “Nasce-se inocente como um burro, mas basta um leve contacto com a polícia para ficarmos a saber que somos culpados de algo. Não importa o quê. A polícia é um memorando do pecado original.”
“Para se ser transparente é preciso disfarçarmo-nos de lixo.”

quarta-feira, outubro 06, 2004

Pura inocência, P. Norte

A vida é tão diferente
Daquilo que sonhamos
Talvez o nosso mal seja acordar

Lancei o meu futuro
Para lá do firmamento
E agora não consigo lá chegar

Estou a sentir
A minha voz perdida no deserto
Mas sou quem diz

Que a vida deixa sempre a porta aberta
P'ra que eu possa lá entrar
E quem sabe regressar
À mais pura inocência

A vida é tão diferente
Dos sonhos que lembramos
Eu sei que o nosso mal é recordar

Perdi o teu futuro
P'ra lá do nosso tempo
E agora não consigo lá voltar

Estou a sentir
A minha voz perdida no deserto
Mas sou quem diz

Que a vida deixa sempre a porta aberta
P'ra que eu possa lá entrar
E quem sabe te encontrar
Na mais pura inocência

Diário de Um Killer Sentimental, L. Sepúlveda


Diário de Um Killer Sentimental
“O rosto humano nunca mente; é o único mapa que regista todos os territórios que habitámos.”

Jacaré
“Eles eram anaré e obedeciam a uma lei tão velha como o mundo, porque, no começo de todas as coisas, o mundo era de água, e os homens e os animais viviam no dorso do grande jacaré. O réptil sonhava com frutos e havia frutos, sonhava com peixes e havia peixes, sonhava com tartarugas e também as havia. Mas um dia apareceu o primeiro ieashmaré e cravou um dardo incandescente no coração do grande réptil. Este, ferido de morte, chicoteou as águas dia e noite com a cauda. Deixou mil filhos, alguns tão pequenos como uma larva e outros grandes como um caçador, mas não disse qual deles tomaria o seu lugar. Por isso os anaré tinham de cuidar de todos, para que o doce tempo dos sonhos voltasse no dorso do grande jacaré.”

Hot Line
“Os bons polícias têm qualquer coisa de suicidas, o que os impele a levar o cumprimento do dever até às últimas consequências.”
“Entre os dois somavam oitenta anos, e tal cúmulo de tempo predispõe para o amor sincero, livre de espaventos, proezas ou desculpas, e, como não há nada a perder é um enorme lucro.”
“Nós, detectives rurais, sabemos conduzir automóveis, camiões, cavalos, barcos com motor fora de borda e pilotar aviões. Mas eu prefiro andar a pé, se não se importa.”
“o tempo tem mil vozes, e muitas delas são cruéis.”
“… sem se preocupar com as lágrimas, e o automóvel tornou-se estreito, pois todos os fantasmas do medo se refugiaram nele.”

sexta-feira, outubro 01, 2004

Primeiro

Primeiro tenho de me dizer
para depois dizer os outros
mesmo que falte a coragem
mesmo que as palavras se escondam
que o medo aflore
terei de algum modo de ficar aqui.

(imagem inserida a 7/01/2015)

Deportei

Comprei uma cama para nos amarmos
deitei e aguardei.
No vazio dos lençóis delineei as tuas formas
imaginei e aguardei.
Nos meus sonhos sorri
descansei e aguardei.
Na manhã não te vi
levantei e deportei.

(imagem inserida a 7/01/2015)

quinta-feira, setembro 30, 2004

Pensamento

As Mulheres são como o nevoeiro...surgem do nada, obrigam a andar com atenção redobrada e desaparecem sem deixar rasto...
Os Homens são como a neve...nunca se sabe quando vão aparecer, quantos centímetros vão ter, e quanto tempo vão ficar...

Almost Blue, F. Young



Sirva-se de mais um drinque,
A felicidade não estará no gelo,
Mas quem sabe?
Aliás, quem sabe você não a
Encontra no próximo gole?
Lembre-se, também, de sorrir
Quando acenderem o teu cigarro
E de não deixar a chama iluminar
O descaso que você tem em viver.

quinta-feira, setembro 23, 2004

Andei milhas e milhas

Andei milhas e milhas
Em busca de um amor
Para me sentir pleno.

Passei anos e anos
à espera de um amor
que me completasse.

Percorri terras e terras
À procura de um amor
Para me compreender.

Demorei uma eternidade
A perceber que um amor
Tem de se amar.
18-06-2004

Liberalização do Aborto?

A chegada do barco holandês à nossa costa pertencente à organização “Women on Waves” provocou um grande tumulto no nosso país, pelo menos a nível político e mediático. Se a proibição do governo português para que este entrasse em águas territoriais nacionais levantou muita fleuma, esta parece-me, no entanto, correcta. Digo isto porque, pelo menos de acordo com a actual lei vigente, é uma decisão coerente.
Mas é claro, que o mais importante não é o barco em si. O mais importante é a lei propriamente dita e se esta será a mais adequada. É complicado dizer. Não consigo dizer que sou a favor da liberalização aborto, mas também não consigo deixar de pensar que em certas talvez seja a melhor solução. Talvez não para o bebé, mas… Aliás não consigo deixar de pensar em qualquer das situações (sim/não) sem um grande “mas” a acompanhar.
No passado referendo, confesso que o meu voto foi “não”. Podem até criticar-me, mas foi o que achava na altura e na verdade continuo a pensar. Não me acho com direito a tirar a vida de ninguém, porque é de uma vida que se trata. Podem pensar então que eu seria incapaz de fazer um aborto. Mas a verdade é que, em determinadas circunstâncias, seria. Podem chamar-me hipócrita, porque talvez o seja, mas a verdade é que por vezes aquilo que pensamos e idealizamos não se coaduna muito com a realidade em que vivemos. E a realidade é por vezes muito cruel. E, actualmente, se se realizar um novo referendo, é provável que a minha resposta seja “sim”, apesar do peso que esse sim me possa trazer.
Claro que o ideal é que nunca alguma mulher se tivesse de ver confrontada com uma situação de aborto. Num mundo ideal não haveria mal formações de fetos, não haveria violações, não haveria pessoas inconscientes e inconsequentes relativamente à sua sexualidade, não haveria miséria, não haveria país que não amassem os seus filhos, não haveria… Mas não vivemos num mundo ideal e temos de nos adaptar a ele.
Talvez a liberalização do aborto não seja a melhor das soluções para o nosso mundo, mas se calhar… Não sei, realmente não sei…

sexta-feira, setembro 17, 2004

As pessoas dos Livros, F. Young

“Gosto de chuva, poupa lágrimas. Não, não é isso. Não lembro ao certo, e “ao certo” significa um mundo quando se trata de um verso.”
“… os enquantos são o quântico da literatura.”
“Aquele amor foi uma alga presa em meu biquini.”
“Um livro impresso deve ser respeitado por aquilo que é: a finalização de imensa dor, exaustão e generosidade.”
“Claro, todo mundo esquece mais ou menos das coisas que viveu, no momento em que um amor deixa de ser um grande amor. Quando um amor deixa de ser grande, ele não vira pequeno amor, vira pequeno estorvo.”
“Sentiu um cubo de gelo escorrer pelo meio do corpo – seria o prenúncio da morte? Um cubo de gelo?”

quarta-feira, setembro 15, 2004

Encerro em mim mais um capítulo...


Os estores a três quartos emprestam uma luminosidade ténue às paredes outrora brancas. As cortinas encardidas ameaçam desfazer-se ao mínimo toque, que nem sequer ouso. O pó de anos acumulado impede o reconhecimento da antiga familiaridade dos objectos. Olho e não reconheço neste o meu quarto de infância, perdido, algures, numa outra existência.
Permaneço sob a ombreira de um portal em que não há viagem de regresso à magia. Duvido mesmo que esta tenha existido em tempo algum. Tudo é tão distante. Redobro o esforço. Concentro-me. Mas perdi a ligação.
Percebo que não era ali que vivi anos que todos querem dourar. Está tudo tão vazio de vida, que nem a imaginação consegue florir.
Tento lembrar o momento preciso em que a alegria se esvaiu, mas não consigo fixa-lo na memória. Talvez nem tenha dado por ele – impossível de reconhecer, impossível de alcançar.
O relógio na parede há muito que parou de contar seja o que for e olhamo-nos imóveis: dois desconhecidos outrora íntimos e cúmplices.
Um último olhar em redor e fecho a porta. Encerro em mim mais um capítulo, rasgado e atirado a um canto onde ficará até ao seu fim.

sábado, setembro 11, 2004

As longas lágrimas derramadas

As longas lágrimas derramadas
em solidariedade se juntam
lamentando a má fortuna
dos homens inspirados
que ao enxergar mais longe
mais não vêem que a sua pequenez
tão doída e difícil de enfrentar.
29/10/2003

sexta-feira, setembro 10, 2004

Pessoa

O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.

Letreiro, M. Torga

Porque não sei mentir,
Não vos engano:
Nasci subversivo.
A começar por mim – meu principal motivo
De insatisfação -,
Diante de qualquer adoração
Ajuízo.
Não me sei conformar.
E saio, antes de entrar,
De cada paraíso.

quinta-feira, setembro 02, 2004

Ser Mejor, R. Williams

Llename la vida
Dame tranquilidad
Calma el temporal
Que hay en mi piel

Dame primaveras
Para disfrutar
Dias que se van
No han de volver

Puede ser que la voz
De tu paz y el amor
Me ayuden a cambiar
Y me hagan ser mejor

Perdona mis manias
No doy para mas
No se aparentarS
oy como soy

Angel de la guarda
Ven y salvame
Salvame del mal
Ayudame

Puede ser que la voz
De tu paz y el amor
Me ayuden a cambiar
Y me hagan ser mejor

Siempre hay en la vida (oportunidad)
Para amar mejor
No hay que amar de mas
Muchos an caido de tanto dar (de tanto dar)
Y de tanto amar

LLename la vida
Dame tranquilidad
Calma el temporal
Que hay en mi piel

Dame primaveras
Para disfrutar
Dias que se van
No han de volver

Puede ser que la voz
De tu paz y el amor
Me ayuden a cambiar
Y me hagan ser mejor

Better man, R. Williams

Send someone to love me
I need to rest in arms
Keep me safe from harm
In pouring rain

Give me endless summer
Lord I fear the cold
Feel I'm getting old
Before my time

As my soul heals the shame
I will grow through this pain
Lord I'm doing all I can
To be a better man

Go easy on my conscience
'Cause it's not my fault
I know I've been told
To take the blame

Rest assured my angels
Will catch my tears
Walk me out of here
I'm in pain

As my soul heals the shame
I will grow through this pain
Lord I'm doing all I can
To be a better man

Once you've found that lover
You're homeward bound
Love is all around
Love is all around

I know some have fallen
On stony ground
But Love is all around

Send someone to love me
I need to rest in arms
Keep me safe from harm
In pouring rain

Give me endless summer
Lord I fear the cold
Feel I'm getting old
Before my time

As my soul heals the shame
I will grow through this pain
Lord I'm doin' all I can
To be a better man

Aldeia Nova, M. Fonseca

“Saem os homens para o trabalho ainda a manhã vem do outro lado do mundo.”
“… e sabe-se lá que noite escura é o passado dessa gente!”
“tudo lhe parece em miniatura. Tudo tal e qual, à parte um ou outro pormenor, mas inexplicavelmente diminuto em relação à recordação que lhe ficara. Decerto está errada a sua memória.”
“Bem vê que é o passado, o passado que enche a casa, desde os vestidos negros da avó até aos retratos suspensos das paredes. O passado que faz silêncio em todas as salas para melhor viver na quietude dos móveis, nos corredores escuros.”
“Na calma da noite o luar nasce quase lua cheia. Traz luminosidades e sombras como um sol já velhinho, amarelo, cansado e alumiar o mundo.”
“E, quando o presente é feio e o futuro incerto, o passado vem-nos sempre à ideia como o tempo em que fomos felizes.”

quinta-feira, agosto 12, 2004

Noturno Indiano, Tabuchi

“…, mas as fotografias fecham o visível num rectângulo. O visível sem moldura é sempre uma coisa diferente. E depois aquele visível tinha um cheiro demasiado forte. Melhor dizendo, muitos cheiros.”
“Não seu quem disse que no puro acto de olhar há sempre um pouco de sadismo.”
“…, nunca se deve tentar saber demasiado das aparências dos outros.”
“Na altura poderá parecer-nos um acontecimento não particularmente feliz, mas na recordação, como sempre nas recordações, purificada das sensações físicas imediatas, dos cheiros, das cores, da vista daquele bicharoco debaixo do lavatório, a circunstância perde os contornos e a imagem melhora. A realidade passada é sempre menos má do que efectivamente foi: a memória é uma falsária espantosa. É-se desonesto mesmo sem querer.”
“São tão estranhas as coisas.”

Le corps humain pourrait il bien n’être qu’une apparence. Il cache notre réalité, il s’épaissit sur notre lumière ou sur notre ombre.
Victor Hugo

quarta-feira, agosto 04, 2004

Haverá algo pior?

Haverá algo pior do que discutirmos com a pessoa que nos criou?
Sim. O já não podermos discutir. O já não termos oportunidade de mais nada. Nem de pedir desculpas pelos erros. Nem simplesmente de dizer ou mostrar o quanto precisamos ainda dela.
Discute-se porque são duas pessoas diferentes. Uma a achar-se no mundo e a perder-se do ninho. A outra que nem sempre está preparada para os voos da sua cria. É o rumo natural, apesar da dor que por vezes implica.
Infelizmente, há dores mais doídas.

Absolute Beginners, D. Bowie

I've nothing much to offer
There's nothing much to take
I'm an absolute beginner
And I'm absolutely sane
As long as we're together
The rest can go to hellI
absolutely love you
But we're absolute beginners
With eyes completely open
But nervous all the same

If our love song
Could fly over mountains
Could laugh at the ocean/sail over heartaches (second time)
Just like the films
There's no reason
To feel all the hard times
To lay down the hard lines
It's absolutely true

Nothing much could happen
Nothing we can't shake
Oh we're absolute beginners
With nothing much at stake
As long as you're still smiling
There's nothing more I need
I absolutely love you
But we're absolute beginners
But if my love is your love
We're certain to succeed

If our love song
Could fly over mountains
Could laugh at the ocean/sail over heartaches (second time)
Just like the films
There's no reason
To feel all the hard times
To lay down the hard lines
It's absolutely true

Marly de Oliveira

A função do poema: conhecer.
A função do teorema: desafio
Que leva à abstração, à conjetura.
A função da esperança: convencer
Que o poema, o teorema, a ciência, a invenção,
O semáforo, a história, a explosão
De Hiroshima, Picasso e sua glória;
O decalque, a estrutura, a rachadura,
A ruptura, a eternidade, a desmemória;
A ignorância, a pobreza, a riqueza,
A insuficiência, a morte têm sentido.

sexta-feira, julho 30, 2004

Esclarecimento, Mário-Henrique Leiria

Quando estamos cansados
Deitamos o corpo
E adormecemos

Às vezes não

Procuramos outra mão
Outros olhos
Que nos limpem a fadiga
E evitem o sono
Que nos vem antigo

Quando estamos cansados
Podemos erguer o corpo
E acordar
E morrer acordados
Sem cansaço

Never Terar Us Apart, INXS

Don't ask me
What you know is true
Don't have to tell you
I love your precious heart

I..........I was standing
You were there
Two worlds collided
And they could never tear us apart

We could live for a thousand years
But if I hurt you
I'd make wine from your tears
I told you
That we could fly
Cause we all have wings
But some of us don't know why

I..........I was standing
You were there
Two worlds collided
And they could never tear us apart

I don't ask me
I was standing
You know it's true
You were there
Worlds collided
Two worlds collided
We're shining through
And they could never tear us apart

You don't ask me
You were standing
You know it's true
I was there
Worlds collided
Two worlds collided
We're shining through
And they could never tear us apart

quarta-feira, julho 28, 2004

Por outro Lado

Saber entrevistar alguém é, acima de tudo, saber conversar. E saber conversar é saber ouvir o respectivo interlocutor, respeitar os seus silêncios, as suas opiniões, sem atropelamentos, deixar fluir sem impor respostas.
 É raros vermos entrevistas assim, como deviam ser. Por isso, é de aproveitar essas raras oportunidades. E elas acontecem semanalmente na :2 por volta das 24:00/24:30 pela mão de Ana Sousa Dias.
Por outro lado…

Viciada?

6.25 %

My weblog owns 6.25 % of me.
Does your weblog own you?

The Music of the Night, A.L.W.

Nighttime sharpens, heightens each sensation
Darkness stirs and wakes imagination
Silently the senses abandon their defences

Slowly, gently, night unfurls its splendour
Grasp it, sense it, tremulous and tender
Turn your face away from the garish light of day
Turn your face away from cold, unfeeling light
And listen to the music of the night

Close you eyes and surrender to your darkest dreams
Leave all thoughts of the world you knew before
Close your eyes, let your spirit start to soar
And you'll live as you've never lived before

Softly, deftly, music shall caress you
Hear it, feel it, secretly possess you
Open up your mind, let your fantasies unwind
In this darkness which you know you cannot fight
The darkness of the music of the night

Let your mind start a journey through a strange, new world
Leave all thoughts of the world you knew before
Let your soul take you where you long to go
Only then can you belong to me

Floating, falling, sweet intoxication
Touch me, trust me, savour each sensation
Let the dream begin, let your darker side give in
To the harmony which dreams alone can write
The power of the music of the night

You alone can make my song take fligh
tHelp me make the music of the night

quinta-feira, julho 22, 2004

Sim/Não

Quantas vezes dissemos sim e na verdade queríamos dizer não?
Quantas vezes dissemos não e na verdade queríamos dizer sim?
Quantas vezes pesamos mais a opinião dos outros do que as nossas preferências ao responder sim ou não?
Quantas respostas foram regidas mais por queremos ser como os outros do que por ser fiéis a nós, aos nossos desejos e, inclusive, aos nossos receios?
Quantas vezes oprimidos pelas circunstâncias nos sentimos obrigados a uma resposta indesejada?
Quantas respostas indevidas ao longo de uma vida demasiado curta para estas perdas de tempo e oportunidade?

terça-feira, julho 20, 2004

Chanson, Jacques Prévert

Quel jour sommes-nous
Nous sommes  tous les jours
Mon amie
Nous sommes toute la vie
Mon amour
Nous nous aimons et nous vivons
Nous vivons e nous nous aimons
Et nous ne savons pas ce que c’est que la vie
Et nous ne savons pas ce que c’est que le jour
Et nous ne savons pas ce que c’est que l’amour.

O vendedor de passados, Agualusa

“já nos liga, suspeito, um fio de amizade.”
“Creio que o fazem para provar o risco. Amanhã o risco há-de, talvez, saber-lhes a nêsperas maduras.
“… são os muros que fazem os ladrões.”
“Os homens ignoram quase tudo sobre os pequenos seres com os quais partilham o lar.”
“… todos os meus dias são inúteis, cavalheiro, eu os passeio.”
“Acho que nessa época era uma premonição. Agora é talvez uma confirmação.”
“Julga que a vida nos pede compaixão? Não creio. O que a vida nos pede é que a celebremos.”
“Às vezes sinto o mesmo. Dói-me na alma um excesso de passado e vazio.”
“tenho vai para quinze anos a alma presa a este corpo e ainda não me conformei. Vivi quase um século vestindo a pele de um homem e também nunca me senti inteiramente humano.”
“Um nome pode ser uma condenação. Alguns arrastam o nomeado … por mais que este resista, impõem-lhe um destino. Outros, pelo contrário, são como máscaras: escondem, iludem. A maioria, evidentemente, não tem poder algum.”
“O pior pecado é não amar.”
“Os meus sonhos são, quase sempre, mais verosímeis do que a realidade.”
“a última luz da tarde morria docemente na parede de trás.”
“A única coisa que em mim não muda é o meu passado: a memória do meu passado humano. O passado costume ser estável, está sempre lá, belo ou terrível, e lá ficará para sempre.”
“Ao chegarmos a velhos apenas nos resta a certeza de que em breve seremos ainda mais velhos.”
“A coragem não é contagiosa; o medo, sim.”
“A literatura é a maneira que um mentiroso tem para se fazer aceitar socialmente.”
“A verdade é uma superstição.”
“Deus deu-nos os sonhos para que possamos espreitar o outro lado.”
“Desconheço imensa gente. Nunca fui muito popular.”
“As pessoas morriam de tristeza. Até os cães se enforcavam.”
“… a natureza tem horror ao vazio.”
“Ninguém é um nome!”
“A minha infância está cheia de bons sabores. Cheira bem a minha infância.”
“Só somos verdadeiramente felizes quando é para sempre, mas só as crianças habitam esse tempo no qual todas as coisas duram para sempre. Eu fui feliz para sempre na minha infância.”
“Na grande literatura são raros os amores felizes.”
“A realidade fere, mesmo quando, por instantes, nos parece um sonho.”
“A felicidade é quase sempre uma irresponsabilidade. Somos felizes durante os breves instantes em que fechamos os olhos.”
“… e em particular aqueles que por essa triste pátria nos desgovernam, governando-se.”
“Não havia na sua vida nada de interessante, excepto as vidas interessantes de duas ou três pessoas que encontrara no caminho.”
“Há verdade, ainda que não haja verosimilhança, em tudo o que um homem sonha.”
“A nossa memória alimenta-se, em larga medida, daquilo que os outros recordam de nós.”
“A memória é uma paisagem contemplada de um comboio em movimento.”
“Fui quem fui porque me faltou coragem para ser diferente.”
“A felicidade nunca é grandiosa.”
“Decidi começar a escrever este diário, hoje mesmo, para persistir na ilusão de que alguém me escuta.”

Déjeuner du Matin, Jacques Prévert

Il a mis le café
Dans la tasse
Il a mis le lait
Dans la tasse de café
Il a mis le sucre
Dans le café au lait
Avec la petite cuiller
Il a tourné
Il a bu le café au lait
Et il a reposé la tasse
Sans me parler
Il a allumé
Une cigarette
Il a fait des ronds
Avec la fumée
Il a mis les cendres
Dans le cendrier
Sans me parler
Sans me regarder
Il s’est levé
Il a mis
Son chapeau sur sa tête
Il a mis
Son manteau de pluie
Parce qu’il pleuvait
Et il est parti
Sous la pluie
Sans une parole
Sans me regarder
Et moi j’ai pris
Ma tête dans ma main
Et j’ai pleuré.

Dali



 


    Faça você também Que
  gênio-louco é você?
Uma criação de O Mundo Insano da Abyssinia



quinta-feira, julho 15, 2004

Poema Duplo

Não te amo mais.
Estarei mentindo se disser que
Ainda te quero como sempre quis.
Tenho certeza que
Nada foi em vão.
Sinto dentro de mim que
não significas nada.
Não poderia dizer jamais que
Alimento um grande amor.
Sinto cada vez mais que
já te esqueci!
E jamais usarei a frase
EU TE AMO!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais.

OBS: Agora lê de baixo para cima.

Cromos Sociais

A nossa vida social é como uma caderneta, vulgo agenda, na qual se vão colando vários cromos que nos vão saindo nas saquetas. A ideia é juntar cromos pessoas com cromos locais, por exemplo: o cromo amiga de infância com o cromo cinema. O objectivo é fazer associações o mais variadas possíveis, no entanto, e não sei bem porquê, no que me diz respeito, os cromos que mais saem são os melgas e cinema.
Na categoria cromos humanos existem muitas sub-espécies: amigos da rua, da escola (vários graus incluídos, como jardim-de-infância, pré-primária, secundário, faculdade, mestrados), do desporto (futebol é o mais comum, mas podem ainda encontrar-se badmington, berlinde, sumo – de uva, claro, matrecos, e muitos mais), dos tempos livres (ponto de cruz, apicultura, cunicultura, canto gregoriano – que normalmente é a seguir aos encontros do clube do sumo de uva), da família, do trabalho.
Depois, na categoria dos cromos geográficos o mais vulgar é: local de trabalho, casa, cinema, café. E é nesta categoria que existem talvez dos cromos mais raros de encontrar, como Caraíbas, Nova Zelândia, Katmandu. Nós bem nos fartamos de comprar carteiras para nos sair um destes cromos, de preferência em conjunto com aquele igualmente raro cromo do gajo bom (em todos os aspectos).
Mas enquanto não nos calha tal sorte, bem lá vamos nós andando por estas páginas…

sexta-feira, junho 18, 2004

Fazes-me Falta, Inês Pedrosa

“Deus procura primeiro os que sofrem antes do conhecimento específico da dor, talvez porque os outros sabem demasiado para poderem ser salvos.”
“Não era a morte que te incomodava, mas o vagar dela, a tortura da doença.”
“Mas o estilo é uma maneira de ser, não uma farda de fim-de-semana.”
“… mas tudo aquilo de que duvidamos é possível,…”
“A morte é um segredo bem guardado, o único de cujos os direitos de autor Ele não prescindiu.”
“… ampliações máximas de pormenores mínimos.”
“eras uma tese de doutoramento existencial em movimento.”
“Mas rala-me pensar que posso não ter mais do que ideias-de-reacção.”
“Pai nosso, eu não quero já o céu. Aos vivos, incomoda-os o cheiro dos mortos.”
“… cheiro a medo que é talvez o cheiro derradeiro.”
“Passei a vida inteira a querer interpretar-te – oh! delicioso desperdício! – e nem sequer era por amor.”
“… ficámos a ver a primeira demão do sol sobre os telhados…”
“… a relatividade das entregas como regra de entrega absoluta.”
“… em busca dessas palavras a menos…”
“… nessa coragem da incompletude…”
“… uma alma capaz de acrescentar cor à tela que lhe apresentamos.”
“Coxeavas um bocadinho da alma, lá aparecia um rasto de lama debaixo da bainha, mala feita à pressa, com a roupa engelhada de quem muito viaja.”
“… nesse rascunho de nuvens…”
“Só para os vivos os mortos têm passado – o pior da morte é este presente obrigatório…”
“Amar em abstracto é muito mais ágil do que amar em concreto.”
“Não há entendimento para o sofrimento dos outros…”
“Um desespero pelo bem que lança pó de estrelas nos olhos e apaga os pequenos ressentimentos quotidianos.”
“A alma é um vício.”
“e aquilo que nos transforma é nosso, meu traste, queira ou não queira.”
“Quando as coisas deixam de durar, alteram-se.”
“… o amor que sobrevive é o das apoteoses obscuras, que não aguentam sequências.”
“… o Bem … prefiro chamar capacidade de renovação humana.”
“Os semeadores de horror sempre foram uma minoria – uma minoria eficaz, sim…”
“Uma memória que me fala sobretudo, como todas as memórias, daquilo que não existiu. Nesta fotografia não te esqueço. Meticulosamente, de cada vez que me esforço por reter-te e começo a inventar-te. Tudo em ti tem asas, agora – o teu riso, os teus passos. Até nas poucas frases que de ti recordo há um restolhar de penas.”